quinta-feira, 9 de maio de 2013

Receitas de Clubes superam 3 bilhões de reais!

Análises interessantes são reproduzidas aqui. A análise abaixo é sobre o faturamento dos clubes no ano de 2012, e mostram que a maneira que arrecadam continua do mesmo modo que sempre foi feita: sem imaginação e não aproveitando o enorme mercado que a paixão proporciona.

  A reportagem foi extraída do site da revista Veja e pode ser acessado no link abaixo, onde há muito mais informações sobre o assunto.

Futebol

http://veja.abril.com.br/noticia/esporte/receita-dos-clubes-dispara-e-passa-dos-3-bilhoes-de-reais

Receita dos clubes dispara e passa dos 3 bilhões de reais

Estudo do especialista Amir Somoggi mostra um salto de 38% no faturamento das 20 maiores agremiações do país. Mas dependência da TV fica ainda maior

Giancarlo Lepiani
Guerrero comemora gol do Corinthians contra o San Jose da Bolívia
O Corinthians de Guerrero: receita inédita de 358,5 milhões de reais em 2012 - Ivan Pacheco

"Foi um ano atípico e positivo, mas os clubes não aproveitaram a oportunidade para criar estruturas diferenciadas e convencer o mercado a enxergar o futebol como grande negócio", diz o autor do estudo
O futebol brasileiro está cada vez mais rico - mas isso não quer dizer que os grandes clubes do país já estejam aproveitando todo o potencial econômico da grande paixão nacional. Um novo estudo do consultor Amir Somoggi, um dos principais especialistas em gestão e marketing esportivo do país, revela que os vinte maiores clubes brasileiros ultrapassaram a barreira dos 3 bilhões de reais de faturamento no ano passado, um crescimento de 38% em relação a 2011. O aumento da receita consolidada conjunta dessas agremiações - de 2,24 bilhões para 3,08 bilhões - é inédito, mas a principal explicação para esse salto não é a modernização do nosso futebol, mas sim a renegociação dos direitos de transmissão de TV. No ano passado, os clubes encheram os cofres com as luvas dos novos contratos assinados com a Rede Globo, que teve de abrir o bolso para driblar a concorrência da Record e manter o Campeonato Brasileiro em sua grade de programação. Os clubes ficaram ainda mais dependentes do dinheiro da TV: as cotas de transmissão, que correspondiam a 36% das receitas totais em 2011, passaram a representar 40% do faturamento conjunto dos clubes no ano passado. Enquanto isso, as fatias correspondentes às arrecadações com bilheteria, patrocínio e publicidade, fontes importantes de receitas nas ligas mais lucrativas do planeta, encolheram na temporada passada.

As finanças dos maiores clubes brasileiros


"Foi um ano atípico e positivo, mas os clubes não aproveitaram a oportunidade para criar estruturas diferenciadas e convencer o mercado a enxergar o futebol como grande negócio", diz Somoggi. "O nosso modelo ainda pode ser considerado arcaico. Temos muito a evoluir, e o mercado espera isso." O autor do estudo mostra preocupação com os resultados financeiros da temporada 2013. Afinal, os montantes generosos recebidos pelos clubes que assinaram contratos com a Globo correspondem às luvas de acordos de longa duração. Os clubes parecem não ter planejado o uso escalonado desses recursos - muitos torraram todo o dinheiro ou boa parte dele com gastos imediatos. O levantamento feito por Amir Somoggi revela que o montante investido pelos grandes clubes no ano passado atingiu 1,89 bilhão de reais (sem contar os gastos do Flamengo, que não apresentou em seu balanço os custos de seu departamento de futebol). A alta estimada nas despesas foi de cerca de 26% em apenas um ano. Como a tendência é de que os investimentos nos departamentos de futebol continuem elevados - conforme o consultor, só os times rebaixados ou mergulhados em graves crises costumam realizar cortes significativos de gastos -, muitos clubes deverão enfrentar dificuldades para cobrir suas despesas na atual temporada. A saída seria variar e ampliar as fontes de receita, explorando melhor áreas como o gasto do torcedor no estádio e as ações de marketing.
 

"Nosso futebol está em evolução, mas os dirigentes brasileiros ainda têm uma visão muito limitada do futebol como negócio", explica Somoggi, que completou uma década de acompanhamento detalhado dos balanços financeiros dos clubes. Em seu primeiro estudo, realizado em 2003, as fatias correspondentes a cada fonte principal de receita dos clubes não eram muito diferentes do que são hoje. Quem previa um grande salto nas ações de patrocínio e publicidade em função da proximidade da Copa do Mundo, por exemplo, se decepcionou. Entre 2011 e 2012, o crescimento absoluto do marketing como fonte de receita dos vinte principais times do país foi de apenas 10,4 milhões de reais. Ao mesmo tempo, as cotas de TV tiveram um incremento espantoso: 435,8 milhões de reais. No decorrer da década analisada pelo consultor, a dependência dos grandes clubes mudou em um aspecto importante: antes, eles apostavam nas transferências de atletas ao exterior para equilibrar as contas; hoje, se escoram no dinheiro repassado pela TV para bancar suas despesas. Com o crescimento econômico do país, os clubes já conseguem manter seus grandes craques no futebol brasileiro e até repatriar grandes nomes que atuavam havia anos no exterior. Ainda assim, a venda de jogadores continua sendo uma fonte importante de recursos (14% do total das receitas dos grandes clubes). Graças ao salto no dinheiro proveniente da TV, as vinte principais agremiações brasileiras fecharam 2012 mais perto do azul (quando são contabilizadas receitas extraordinárias recebidas por Palmeiras e Atlético-PR em função das reformas de suas arenas, há superávit de 23 milhões de reais nesse pelotão de elite do futebol nacional). Os gastos excessivos e sem planejamento e a manutenção de um modelo obsoleto devem levar os números de volta ao vermelho depois de apenas uma temporada.


Um modelo antiquado - e que ainda persiste

Em uma década, a distribuição das fontes de receitas mudou pouco. A participação da bilheteria no faturamento total, por exemplo, ficou no mesmo patamar. Em 2007, auge do êxodo de jogadores brasileiros para o exterior, as transferências de atletas eram fundamentais para pagar as contas. Agora, a dependência é dos direitos de TV.

2 comentários:

  1. Em 2012 o cruzeiro teve a pior receita entre os 12 grandes, isto não é preocupante?

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  2. 2012 foi um ano de arrumação da casa. Este ano o balanço já abriu janeiro com lucro.

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