terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A Toca da Raposa I agora tem nome!

Em recente reunião do Conselho Deliberativo do Cruzeiro submeti à apreciação dos colegas Conselheiros a ideia de que o Centro de Treinamento das divisões de base do nosso Clube passasse a ter o nome de seu idealizador e fundador. A partir de agora, chama-se Centro de Treinamento Presidente Felício Brandi. 

Eu poderia escrever bastante sobre o tema, e ainda pretendo, mas vou copiar abaixo o texto do Anderson Olivieri que está em seu blog. Assim, serão duas homenagens ao mesmo tempo.


Ao fundador, a Toca I

Foto: acervo Cruzeiro Esporte Clube
Foto: acervo Cruzeiro Esporte Clube
Ontem, em reunião do Conselho, o presidente do Cruzeiro, Gilvan Tavares, anunciou que a Toca da Raposa I passa a se chamar Centro de Treinamento Presidente Felício Brandi.
Homenagem mais que justa ao grande cruzeirense que, no início da década de 1970, comprou o terreno para diversão e descanso da família. Ao chegar em casa, porém, se lembrou de que o Cruzeiro não tinha espaço tranqüilo como aquele para treinar. Resultado: pediu paciência à família, e o sítio virou a Toca da Raposa.
E foi com solenidade concorrida, que contou com a presença do governador de Minas da época, Rondon Pacheco, e Hino Nacional executado pela Banda da Polícia Militar, que a Toca da Raposa foi inaugurada em 3 de fevereiro de 1973.
Depois disso, só sucesso. Já nasceu considerada por toda imprensa esportiva nacional como melhor CT do país. E, por isso, serviu de base de preparação para a Seleção Brasileira nas Copas de 1982 e 86.
Por lá passaram Dirceu Lopes, Piazza, Raul, Nelinho, Joãozinho, Falcão, Zico, Renato Gaúcho, Dida, Palhinha, Muller e muitas outras feras.
Lá moraram Roberto Batata, Douglas, Nonato, Geovanni e várias outras joias celestes. A mais ilustre delas, claro, Ronaldo Fenômeno.
Com área de 60 mil metros quadrados, o local conta com estrutura de fazer inveja a grandes clubes do país, sobretudo os que não dispõem de aparato semelhante para os profissionais.
Tudo isso, desde março de 2002, quando a Toca da Raposa II foi inaugurada, está à disposição das categorias de base do Cruzeiro. O local enxergado por Seu Felício, no princípio, como fábrica de craques, enfim, destinado inteiramente à formação de futuros talentos celestes.
Nada mais justo, então, do que, ao visionário, ao grande idealizador da Toca I, ao fundador, esta homenagem: “Toca da Raposa I” vira “Centro de Treinamento Presidente Felício Brandi”.
Aplausos, portanto, ao conselheiro Anísio Ciscotto, autor da proposta pela alteração do nome. E ao Dr. Gilvan, o presidente que reverencia quem fez, do Cruzeiro, o gigante Cruzeiro.

Mensagem de Natal!

A todos os que me prestigiam diariamente no meu blog, desejo um Feliz Natal!
Saudações Palestrinas,
Anísio Ciscotto Filho.



sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Sobre fair-play financeiro dos clubes de futebol

           
           
             Recentemente assistimos a cena do presidente do Atlético Mineiro, pateticamente, pedir socorro à Presidente Dilma para que liberasse os valores retidos pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional quando da venda dos direitos do atleta Bernard.
            Se, a princípio, pode parecer que se trata de uma iniciativa inovadora do mandatário alvinegro, na verdade é mais um capítulo de uma novela que teve início há pouco tempo e tem outros protagonistas. O presidente do Vasco da Gama também pediu ajuda às autoridades federais com o escopo de conseguir regularizar a situação fiscal e conseguir as certidões negativas e assim, conseguir o patrocínio da Caixa Econômica Federal para seu clube. Muitos são os presidentes que estão tentando acertar a vida de suas instituições antevendo a possibilidade de receber recursos federais, seja através de patrocínios de estatais e também através da Lei de Incentivo ao Esporte.
            A grande verdade é que a bolha da impunidade estourou. E estourou com força. Estourou em um momento de ciclo virtuoso do futebol brasileiro, onde a economia e o evento Copa do Mundo inflaram os contratos, costumes e patrocínios no mundo da bola. Os contratos de transmissão estão altos, os preços de ingressos estão altíssimos e as relações entre clubes e atletas estão indecentes de caro. Atletas que atravessaram o oceano a procura do Eldorado, descobriram com atraso, que tal Eldorado sempre se localizou em terras do Novo Mundo. Ronaldos, Ronaldinhos, Freds e tantos outros deixam o Velho Mundo em troca de uma prosperidade no novo.
            A fórmula usada pelos clubes brasileiros, e que deu muito certo no Cruzeiro e São Paulo até o final do ano de 2008, foi a de revelar e vender grandes talentos para clubes europeus e com o dinheiro amealhado, montar times competitivos. Com a crise econômica mundial, que teve seu início em outubro de 2008 e perdura até hoje, os grandes clientes do futebol brasileiro (clubes europeus) tiveram o poder de compra sucateado e romperam com tal fórmula. Clubes portugueses, espanhóis, italianos entre outros passaram a ser mais seletivos na escolha dos jogadores onde investiam. No caso do Cruzeiro o grande cliente sempre foi Portugal, destino de vários jogadores formados na Toca da Raposa I. Lembro-me de ter conversado com o então Presidente Zezé Perrella sobre a mudança de postura que se mostrava necessária implementar, privilegiando o aumento de receitas em outras atividades como bilheteria e patrocínios, diminuindo a dependência da venda de jogadores. A sugestão se mostrou correta no ano de 2013 após alguns anos de penúria que quase destruíram a fama de bom dirigente que Perrella sempre teve.
            Uma grande e importante modificação nos últimos anos foi a maneira como o Governo Federal tem tratado a questão das dívidas fiscais dos clubes de futebol. Se antes havia uma grande leniência por parte das autoridades e órgãos fiscalizadores, hoje há um grande movimento de cobrança e reversão de inadimplência, o que é louvável. O brasileiro que tem 27,5% de seu salário retido em seu pagamento a título de imposto de renda, deve se revoltar com tanto carinho dispensado às instituições desportivas. Os costumes de não pagar impostos, descontar impostos na folha dos empregados e não repassar aos órgãos arrecadadores (é crime), fazer contratos de trabalho utilizando subterfúgios para burlar impostos e tantos outros artifícios agora estão levando os dirigentes a procurarem o fisco para que regularizem suas situações.
            Capítulos da novela como a venda de Bernard, Vitinho, Dedé e tantos outros estão proliferando. A possibilidade de pagar os salários astronômicos com a venda de jogadores, de solução está virando dor de cabeça com a ação peremptória da Fazenda Nacional. É sempre bom lembrar que a Fazenda e a Caixa Econômica Federal sempre estiveram abertos às negociações e se, neste exato momento, um dirigente procurar os órgãos gestores do fisco nacional, conseguirão renegociar seus débitos e conseguirão as certidões negativas de débitos federais tão sonhadas.
            Mas o que se quer, de novo, é fazer mais uma manobra para facilitar a obtenção de tais certidões e rolar a dívida. Por que o setor futebolístico precisa de um programa de saneamento específico, com perdões, prazos e condições especiais? Isto já foi feito com vários REFIS, com a Timemania e várias outras situações. O que houve? Usaram tais programas para a simples rolagem de dívida e empurrar o problema para o sucessor. Sou contra qualquer manobra de favorecimento. Que os clubes, como qualquer mortal brasileiro, procurem os órgãos competentes do Governo Federal e acertem suas contas. Movimento que tem pregado tal atitude é o Bom Senso Futebol Clube que tem exigido o fair-play fiscal. Resta saber se, a guisa de fair-play fiscal, os atletas aceitarão conversar sobre os valores exagerados de salários e premiações que recebem.
            Devo deixar claro que acho que o jogador de futebol tem que ser o melhor remunerado entre todos os que recebem dinheiro de alguma maneira no mundo da bola. Eles são os artistas e é a eles que os torcedores, telespectadores e etc. procuram assistir. São as imagens deles, em patrocínios, campanhas e chamadas de programação, que estão alavancando audiência, faturamento de bilheteria e aumento do número de sócios torcedores. Assim sendo, devem receber muito. O grande problema é a estrutura montada em torno de cada atleta: procuradores, empresários, assessores de imprensa, relações públicas, pessoal de manutenção de sites e redes sociais, Marias Chuteiras, amigos e fornecedores em geral. Cada um quer retirar uma fatia do faturamento do craque. Tal estrutura infla o salário do boleiro e detona as finanças do clube.
            Lembro-me quando Benito Masci assumiu o Cruzeiro na década de 1980 e encontrou o clube com os telefones cortados, sem luz e água, e montou uma equipe de trabalho que procurou sanear as finanças, sob a batuta do grande Conselheiro Aristóteles de Ávila. Trocou grandes craques por jogadores medianos e desconhecidos e passou alguns anos no ostracismo do futebol brasileiro. Sua atitude corajosa forjou um time vencedor, que nas mãos de seu sucessor e irmão César Masci, voltou a figurar entre os times mais importantes do futebol nacional, tornando-se o Melhor Clube de Futebol do Século XX segundo a FIFA.
            Sugiro aos mandatários que sigam o exemplo que inesquecível Benito Masci e façam planejamentos financeiros exeqüíveis com a capacidade de geração de caixa de seus clubes, levando em conta não somente as receitas, mas principalmente as despesas, que devem aumentar sobejamente se, realmente, estão levando a sério a vontade de pagar suas dívidas fiscais. Procurem a Fazenda e a Caixa e regularizem suas situações.
            Talvez o grande problema seja que tal adequação propicia resultados em médio prazo e as torcidas, os dirigentes com aspirações políticas, a mídia e enfim, o mundo futebolístico, exigem resultados imediatos!

            

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Minha opinião: Primeiro a se profissionalizar em 2014!

Não sou responsável pelas divisões de base do Cruzeiro e muito menos influencio na escolha dos que se profissionalizarão.
Entretanto, Eurico se destaca no time há muito tempo! Estivemos juntos em torneios da Holanda por dois anos seguidos e tenho certeza que Eurico, que faz parte da "Geração Terborg", brilhará no profissional! De tal geração já temos Élber, Alisson, Vinícius Araújo, Lucas Silva, Wallace e Bonatini!
Parabéns ao Márcio Rodrigues, Bruno Vicintin, Raul Plasmann, Claudiomir Rattes, Paulo Ricardo e tantos outros que trabalham em prol do futuro Cruzeirense, sempre sob a cura do Dr. Gilvan!


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A primeira vez que levei meu filho ao Mineirão!

                
                Não me lembro da data e nem o placar. Me lembro do adversário que era o América Mineiro. O ano era de 1999, o dia da semana era um domingo.
                Para variar, após o almoço, beijava minha esposa e ia para o Mineirão bater o ponto em mais um jogo do Cruzeiro. Aquele domingo era um domingo especial, afinal, seria a primeira vez que levaria o Tiago, meu filho caçula, ao Mineirão. Detalhe: ele ainda não tinha completado um ano de vida. É lógico que aquele beijo que dei na Beatriz foi um beijo dramático, pois, como qualquer mãe zelosa, tentava de toda maneira me fazer desistir do passeio com o pequenino. Chorou, emburrou, ameaçou fazer greve, ligou para a sogra, prometeu queimar minha coleção de camisas, mas nada me convenceu de que não deveria levar o Tiago ao jogo. Afinal de contas, o primeiro jogo que assisti no Mineirão eu tinha seis anos. Comecei muito tarde. Queria que meu filho começasse bem cedo.
                Vesti nele um uniforme da torcida Baby, amarrei-o na cadeirinha do carro e fomos os dois, só os dois para o programa que após aquele dia se tornou um ritual para nós nos dias de jogos.
                Ao chegar no Mineirão, parei meu carro no estacionamento e me dirigi à bilheteria para comprar nossos ingressos. Apesar de ser um bebê, Tiago deveria colocar aquele ingresso em um quadro e preservá-lo para sempre. Aquele ingresso seria a marca de um ritual de iniciação.
                Logo que cheguei à bilheteria, com o Tiaguinho no colo, entrei na fila e, como de costume, havia uma confusão generalizada com as filas se misturando e pessoas empurrando. O fato de estar com um bebê no colo me facilitava, pois algumas pessoas, gentilmente, me deixavam passar na frente. Quando cheguei ao guichê, senti que uma mão estranha estava dentro do meu bolso esquerdo. Foi a conta de gritar que estava sendo assaltado e a mão se retirou. A sorte era que o dinheiro dos ingressos já estava nas mãos do bilheteiro, pois senão, teria voltado para casa.
                Perto das bilheterias ficavam os soldados da cavalaria com suas montarias, monitorando o movimento. Fui até um deles e comuniquei o assalto. Me respondeu que não havia o que fazer, resposta que me irritou muito.
                Entrei para o estádio e encontrei o Presidente Zezé Perrella, que sempre ficava tomando uma cerveja em um bar em frente ao portão de número dois, que era ponto de encontro dos Conselheiros do Cruzeiro e onde a cornetagem corria solta. Ele me perguntou se eu não era louco de ir ao campo com um bebê de colo, ao que respondi que era sua primeira experiência em um estádio e que já havia tido também sua primeira experiência de ser assaltado. Zezé ficou muito assustado com o ocorrido e, por coincidência naquele momento, passou o Coronel responsável pelo policiamento do estádio. Zezé chamou-o e contei o ocorrido, inclusive sobre afalta de iniciativa de seu comandado montado. O Coronel disse que sentia muito o ocorrido e que, eu deveria procurar uma delegacia e relatar o caso à Polícia.
                Naquele momento, Tiago esteve prestes de ter sua primeira experiência de ser preso, pois, incontinenti, perguntei ao Coronel onde ele havia comprado aquela fantasia de policial. Ele fez cara de que não havia entendido e, para desespero do Zezé Perrella, expliquei que, um militar fardado que me manda procurar a polícia, não devia estar vestido com uma farda e sim como uma fantasia.  Os militares acompanhantes do Coronel quiseram me prender, mas o oficial boa praça viu que eu estava muito nervoso e relevou.
                Após ter brigado com a esposa, ser assaltado e quase ser preso, subi para as arquibancadas e assisti nosso Cruzeiro escrever mais uma página heroica e imortal vencendo o Coelho, não sem antes, no intervalo ter levado o Tiago para comer um tropeirão.
                À saída do estádio me dirigi ao carro e no meio do caminho dei de cara com um arrastão. A galera me encurralou no muro e aos gritos me exigiram que passasse tudo o que tinha nos bolsos. Expliquei que não tinha nada mais, pois havia sido assaltado na entrada e só tinha o garotinho. Já no limite da paciência disse que podiam levar o garoto, pois era só o que faltava. Naquele momento, para meu assombro, chegou um malaco e me reconheceu. Disse aos colegas que eu falava a verdade, pois ele, pessoalmente, havia me assaltado na entrada e levado sessenta reais... Naquele momento entendi o significado do termo “crime organizado”!

                Enfim, foi uma estreia digna de um verdadeiro Cruzeirense. Após aquele dia, já fomos juntos ao Mineirão uma quantidade enorme de vezes e ele, antes de completar cinco anos, já tinha mais títulos importantes comemorados do que muitos times que se acham importantes!

domingo, 22 de setembro de 2013

Sic transit gloria mundi

Não gosto de me manifestar com a cabeça quente. Geralmente falamos/escrevemos o que não queremos/devemos.
Fiquei chateado com o que foi publicado sobre Bruno Vicintin em blog que trata de divisões de base. O autor acusou-o de ser antiético.
Deu a entender que Bruno fez doação ao Cruzeiro com escopo de comprar cargo na diretoria do Clube. Acusou, por tabela, Gilvan de vendilhão.
A relação de Bruno com o Cruzeiro vem de muitos anos, pois já está no segundo mandato como conselheiro do Clube.É sócio há mais de 10.
Frequenta a Confraria San Sebastian há muito tempo. Já patrocinava as festas e eventos do Clube desde que entrou como sócio.
Escreveu e publicou um livro que rendeu e rende um bom valor para o Clube desde 2007. É um benemérito querido por todos.
O fato de ter patrocinado viagem para as divisões de base, depois de ser apoiador do Cruzeiro há muito tempo fez dele diretor?
O fato de pretender ser um dia presidente do Cruzeiro (todo torcedor sonha ser um dia) deveria impedir de ajudar? Sonhar é antiético?
O problema é que, no afã de dar uma boa notícia, e com a velocidade que as redes sociais estão exigindo dos que nelas escrevem muitos incautos esquecem de pesquisar para depois publicar. Uma pena que tenha acontecido.

domingo, 25 de agosto de 2013

Ainda sobre perdão de dívidas!

           Tenho insistido no assunto “Perdão das Dívidas de Clubes de Futebol”, pois entendo ser uma afronta tal projeto a todas as pessoas, físicas ou jurídicas, que recolhem religiosamente seus impostos. Mensalmente, no dia de pagamento, me apanho admirando o valor que me é deduzido compulsoriamente em meu contra cheque por causa do imposto de renda e também da contribuição à previdência social.
        Imposto é coisa séria, e como tal deveria ser tratado em nosso país. Em outros países como por exemplo os Estados Unidos, sonegar impostos dá cadeia, para ricos e para pobres. Aqui no Brasil a Receita Federal executa um bom trabalho nas análises das declarações de imposto de renda, a chamada “malha fina”. Todos os anos muitos contribuintes têm que se explicar ao fisco determinadas operações e lançamentos em suas declarações de imposto.
        Tal zelo parece agora que chegou à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional,que tem dado mostras de estar atenta aos movimentos de grandes devedores, com cobranças pontuais e aproveitando determinados movimentos de contribuintes inadimplentes, para bloquear recursos que são movimentados esporadicamente. No caso dos clubes devedores, Vasco, Fluminense e Atlético Mineiro tiveram recursos bloqueados quando das vendas dos atletas Dedé, Wellington Nem e Bernard, respectivamente.
        No Brasil é muito comum as autarquias quererem trabalhar dentro de seus propósitos e os dirigentes políticos quererem desvirtuá-los. A prova do que falo, está nos três parágrafos anteriores: enquanto os órgãos coletores estão fazendo seus trabalhos, o governo federal quer editar uma medida provisória perdoando, ou, como querem, “viabilizando maneiras de saneamento fiscal para os clubes de futebol”.
        A maneira como querem fazer tal saneamento é muito interessante e nobre: querem trocar as dívidas por investimento em preparação de atletas olímpicos, visando as olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. Só que se esquecem de que tal experiência já foi tentada e o que se viu foi o famoso jeitinho brasileiro entrar em ação. Em meados da década de 1990 foi criada a Lei dos Bingos, na qual os clubes e federações, que estivessem em dia com o fisco, poderiam explorar em parceria com empresários, as casas de bingo. O que se viu foi uma correria de empresários atrás de clubes e federações esportivas, e também uma correria de clubes atrás de certidões negativas de impostos. Os clubes que quisessem aproveitar de tal oportunidade, deveriam possuir, pelo menos, três departamentos de esportes olímpicos.
        O Cruzeiro foi procurado por diversos interessados devido à sua tradicional postura de manter suas contas em dia. Foi naquela época que surgiu nossa tradicional e vencedora equipe de atletismo, que perdura e nos orgulha até hoje. Surgiu também uma equipe de boxe que não resistiu ao tempo. De posse das certidões e com os departamentos olímpicos em ação, nos aproximamos de empresários que explorariam as casas, uma vez que o Cruzeiro não tinha expertise em tal mercado. Ao final de cada mês um valor referente a percentual dos lucros seria repassado ao Clube. Assim foi feito. Porém, após pouco tempo, o Ministério Público e a Receita Federal perceberam que tais casas de bingos, em sua maioria, se tornaram locais de lavagem de dinheiro e inadimplentes de impostos federais. Os bingos foram fechados, pessoas foram presas, muitos trabalhadores ficaram desempregados e, o pior: os clubes e federações ficaram com os prejuízos pela responsabilidade das cobranças dos impostos, uma vez que os empresários se escafederam. O prejuízo que o Cruzeiro levou pode ser visto até hoje em seu balanço, lançado no passivo como pagamentos de Refis.
        Há bem pouco tempo o governo federal voltou ao tema com o propósito de viabilizar uma solução para os débitos fiscais dos clubes de futebol. Uniram a paixão pelo esporte, principalmente o futebol, com a outra paixão nacional, o jogo. A possibilidade de ficar rico com a loteria e ainda ajudar seu time de futebol deveria ser um atrativo fantástico para que as torcidas aderissem ao novo modelo de saneamento fiscal dos clubes. Foi criada a Timemania pela qual o torcedor, ao apostar e marcar seu time favorito estaria destinando uma parte do rateio para o saneamento de dívidas fiscais. É lógico que deveria haver uma contra partida por parte dos clubes. A loteria daria uma parte, e o que faltasse para completar o valor da parcela do pagamento das dívidas seria completado pelos clubes. Hoje em dia a maioria dos clubes está inadimplente junto à timemania, pois não está repassando sua parte.
        Agora querem criar mais uma caixa de pandora com o perdão em troca de investimentos em esportes olímpicos. Eu gostaria de saber, qual dirigente de futebol desviaria dinheiro do clube para esportes olímpicos. Exemplo recente é que uma das primeiras providências dos presidentes de Vasco e Flamengo ao assumirem seus mandatos foi a de encerrar seus maravilhosos esportes olímpicos. A ginástica artística está procurando seu rumo após o abandono do flamengo. Aqui em Belo Horizonte o presidente do Atlético Mineiro (que faz parte da comissão que discutirá tal assunto junto à CBF) já proclamou aos quatro ventos que o clube dele só se interessa por futebol. Se há uma dívida que não é paga e que não gera nenhuma maior repercussão para os dirigentes clubísticos, para que criar uma obrigação de manter atletas de outros esportes? Haveria um aumento de despesas e dinheiro seria retirado do orçamento de futebol. É sempre bom lembrar que os custos do futebol explodiram após o declínio econômico dos clubes do velho mundo. Atletas de ponta estão voltando e trazendo em suas bagagens seus salários astronômicos. É muito difícil encontrar um clube de ponta no Brasil que não tenha mais de um atleta recebendo mais de meio milhão de reais como salário.
        Resumindo: será mais um tiro n’água. Os clubes farão a adesão, receberão as certidões negativas uma vez que não terão débitos, procurarão as empresas estatais atrás de gordos patrocínios e não darão a devida atenção ao esporte olímpico.
        Clubes que apoiam o esporte olímpico com seriedade como o Minas Tênis Clube, Esporte Clube Pinheiros e o Cruzeiro Esporte Clube, trabalham atrás de soluções modernas como projetos na Lei de Incentivo ao Esporte e patrocínios com contra partida social. Pagam seus tributos e não precisam de perdões fiscais esdrúxulos. Os clubes precisam sim, de que se modernizem e passem a vender seus produtos no mercado, como por exemplo, os programas de sócio do futebol e venda de material esportivo em muitos pontos de franquia.
        Espero que os Clubes de futebol devedores se espelhem nos exemplos dos que administram bem suas obrigações fiscais. E gostaria muito também que os que administram bem suas carteiras fiscais passassem a gerir também, com tal responsabilidade, suas carteiras comerciais potencializando receitas, saindo na frente dos que ainda engatinham em tal assunto, por terem suas iniciativas barradas em problemas com o fisco.
        Sou contra tal projeto da maneira como foi proposta e acho que algumas pessoas que foram convidadas para compor a comissão de estudos do assunto junto à CBF, não são as mais indicadas para tanto. Deveriam fazer parte também clubes que estão com sua situação fiscal mais clara e sob controle.

     
        

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Uma afronta! Perdão de dívidas de Clubes.

Transcrevo abaixo o texto da revista Isto é dinheiro onde há uma contribuição do consultor esportivo Amir Sommogi sobre um projeto de perdão de dívidas dos clubes brasileiros. 

Devo deixar claro que concordo com o consultor e que tal proposta é uma afronta a todos os brasileiros que pagam seus impostos e têm medo das penalidades que são aplicadas quando cometem qualquer deslize em suas declarações de imposto de renda. Também é um desrespeito aos Clubes que zelam pelas suas obrigações e pagam seus tributos. Por incrível que pareça, há sim, muitos Clubes que cumprem suas obrigações. 

Dizer que os recursos perdoados serão utilizados na formação de atletas olímpicos é uma tremenda balela pois, já aconteceram diversas tentativas de saneamento de finanças clubísticas que redundaram em novas dívidas. Vide, por exemplo, a Timemania. 

É bom lembrar que muitos desses impostos devidos são frutos de apropriações indevidas de tributos. Muitos clubes debitam nas folhas de pagamentos de seus empregados/atletas os valores referentes ao imposto de renda e embolsam tal valor ao invés de repassar tais valores ao fisco. Isto é crime! Perdoar tais atitudes é um crime maior! 

Tendo a visibilidade que tem, o futebol pode propiciar à sociedade uma ótima demonstração de seriedade com o bem público. Que se cobre dos clubes devedores e, caso não renegociem e honrem tais renegociações, que sofram consequências, como rebaixamento e outras sanções. Aliás, as cobranças acontecidas recentemente de clubes devedores quando das vendas de jogadores caros, como no caso de Dedé, Wellington Nem e Bernard servem para mostrar à população que antes de ser uma obrigação fiscal é também uma obrigação moral pagar seus impostos. 

Atitudes assim mostram a seriedade com o trato público!

Parabéns à Receita Federal e à Justiça Federal que agiram peremptoriamente!




http://istoedinheiro.hands.com.br/istoedinheiro/items/governo-pretende-perdoar-r-3-bilhoes-em-dividas-dos-clubes-brasileiros?r_key=pr1dc5bf20a72453f91ba2f8efdac6874796cc8188


Governo pretende perdoar R$ 3 bilhões em dívidas dos clubes brasileiros

Publicado em: 13/08/2013
O governo federal sustenta a ideia de perdoar dívidas milionárias de clubes brasileiros. Na semana passada, Toninho Nascimento, secretário nacional de futebol do ministério do Esporte, declarou a jornalistas que a ideia da pasta é fazer uma medida provisória (MP) ou um projeto de lei que perdoe o que os clubes devem. A contrapartida seria a manutenção de projetos sociais. 
O principal argumento do governo é de que a divida dos clubes atuais são impagáveis. Levantamento realizado pelo consultor esportivo Amir Sommogi mostra que o que os clubes devem foram de R$ 1,2 bilhão em 2003 para R$ 5,5 bilhões em 2012. Deste montante, mais de R$ 3 bilhões são dividas diretas com o governo, relacionadas a impostos.
 

Dados da Ernst Young mostram que a dívida do Flamengo ultrapassa R$ 700 milhões
 
Sommogi se diz totalmente contrário à intenção do governo. “Essas dívidas foram criadas pela própria administração dos clubes. Não recolhimento de impostos e outras pendências. Não se pode imaginar que o perdão vai resolver o problema", diz. Apesar do interesse do ministério de resolver a questão, segundo Sommogi, esse tipo de atitude em meio a um momento de indignação e protestos pelo País não é apropriado. “É o único caso no mundo que o credor abre mão de receber uma dívida em troca de nada."  A contrapartida do governo seria a realização de trabalhos sociais por parte dos clubes. 
 
O especialista conclui que a medida vai punir aqueles administradores que sempre cumpriram com seus compromissos tributários com o governo. “Diversos administradores passaram a vida contribuindo de forma pontual e agora se deparam com essa situação? Quem conhece a estrutura dos clubes sabe que são poucas as condições de entregar algo efetivo." 
 
Confira quais são os clubes mais endividados do Brasil segundo o levantamento do consultor Amir Somoggi:
 
Os números consolidados por clube, em milhões, são de 2011 
 
(1) Vasco
2011: R$387
Receita 2011: R$ 137
 
 
(2) Atlético MG
2011: R$ 368
Receita 2011: R$ 100
 
 
(3) Flamengo
2011: R$ 355
Receita 2011: R$ 185
 
 
(4) Palmeiras
2011: R$ 245
Receita 2011: R$ 148
 
 
(5) Santos
2011: R$ 208
Receita 2011: R$ 189
 
 
(6) Grêmio
2011: R$ 199
Receita 2011: R$143
 
 
(7) Internacional
2011: R$ 197
Receita 2011: R$ 198
 
 
(8) Corinthians
2011: R$ 178
Receita 2011: R$ 290
 
 
(9) São Paulo
2011: R$ 158 
Receita 2011: R$ 226
 
 
(10) Cruzeiro
2011: R$ 120 
Receita 2011: R$ 129

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Aumento de dívidas de Clubes de Futebol

Matéria interessante sobre dívidas de clubes de futebol (Jornal O Lance).




Dívida dos grandes clubes aumenta 15% em 2012 e chega a R$ 3,7 bilhões

Principais times do país registraram, juntos, aumento no endividamento no ano passado

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Igor Siqueira 08/05/2013 - 08:15 Rio de Janeiro (RJ)



O buraco só aumenta. A dívida dos grandes clubes brasileiros cresceu por mais um ano, chegando à cifra de R$ 3,72 bilhões. O valor foi revelado por um relatório produzido pela Mazars, sexta maior empresa de auditoria do Brasil, especialista na análise de clubes de futebol desde 2002, que verificou o mar de dívidas mediante os balanços de 2012.
A elevação bateu na casa dos 15,2%, se for levado em conta o desempenho no ano anterior. Em números concretos, o aumento foi de R$ 492,8 milhões.
O campeão de dívidas entre os 14 clubes avaliados foi o Flamengo, que alcançou o valor de R$ 629,8 milhões. O crescimento foi de 80,9% em comparação a 2011. O Rubro-Negro foi seguido por Botafogo e Atlético-MG.
Segundo a auditoria da Mazars, apenas quatro clubes conseguiram reduzir o volume das dívidas: Vasco, Santos, Palmeiras e Internacional.
– O resultado reflete a capacidade de pagamento dos clubes. Se o modelo de gestão mudar, com os clubes visando ao lucro, dá para pensar em alterar esse quadro – opinou Jackson Vasconcelos, diretor-executivo do Fluminense.
Foram levados em conta quatro tipos de despesas: empréstimos, despesas trabalhistas e tributárias, Timemania e os acordos e as contingências de cada clube (veja mais ao lado). A despesa com a loteria foi o que mais pesou no montante geral.






QUINTETO SEGUE 'GULOSO'
Flamengo, Botafogo, Atlético-MG, Fluminense e Vasco, juntos, continuam sendo os responsáveis pela maior fatia da dívida dos grandes clubes brasileiros. Dos R$ 3,72 bilhões, o quinteto foi responsável por R$ 2,3 bilhões. Ou seja, 62% do total devedor.
No caso dos quatro primeiros, o débito com a Timemania foi o mais significativo em 2012 (veja mais ao lado). Além disso, Vasco e Atlético-MG são responsáveis por criar volume com empréstimos, sejam eles bancários ou junto a instituições não financeiras.
Em abril, o vice-presidente de finanças do Flamengo, Rodrigo Tostes, garantiu que a dívida do clube – que saltou do quinto lugar para a liderança por causa da auditoria que recalculou dos débitos do clube – pode ser sanada.
– A dívida é maior do que esperávamos. É pagável, mas não em curto prazo – afirmou.
ACADEMIA LANCE!
Carlos Aragaki, sócio da Mazars e especialista em auditoria de clubes
Dívida pós-Timemania está aumentando
Desde 2009 até o último balanço, em 2012, a dívida dos clubes tem crescido anualmente, com exceção de Vasco, Palmeiras e Internacional. Nos últimos quatro anos, a dívida com a Timemania é a maior. Todavia, essa fatia está diminuindo, significando, de maneira geral, que os clubes estão pagando o débito fiscal decorrente dessa loteria.
Por outro lado, os balanços indicam que muitos clubes estão aumentando seus passivos tributários pós-Timemania, e isso normalmente decorre da atualização por variação monetária e juros dos impostos não pagos novamente, após aquele refinanciamento oriundo da loteria. Tal fato confirma a busca por novas negociações com o governo para refinanciamento dessa dívida ou até o perdão, como comentado na mídia sobre a proposta em Medida Provisória, não aprovada até a presente data.
Comentários adicionais de Aragaki
Flamengo
"Os débitos referentes a dívidas trabalhistas e cíveis que o clube contabilizou em seu balanço – com aumento de R$ 5,4 milhões, em 2011, para R$ 127,7 milhões, em 2012 (significando um crescimento de 2.265%) – são decorrentes de nova avaliação efetuada pela gestão atual".
Botafogo
"O atual campeão carioca é o clube que apresenta o maior passivo decorrente de contingências trabalhistas e cíveis dos clubes brasileiros registrados em seu balanço".
Atlético-MG
"O Galo é o clube mais endividado com empréstimos e, principalmente, com instituições não financeiras".
Atlético-PR
"O Atlético-PR já foi, em 2011, o clube de menor dívida com empréstimos. Mas em 2012 o Furacão apresentou aumento significativo desses empréstimos, que provavelmente estão associados à reforma da Arena da Baixada, que será utilizada na Copa do Mundo".
Corinthians
"As obrigações tributárias do clube aumentaram 77% de 2011 para 2012, substancialmente por Imposto de Renda e INSS a pagar. Esse aumento pode decorrer de uma folha de pagamentos maior em 2012 ou de impostos não pagos e atualizados por juros e multa".
São Paulo
"O São Paulo escolheu a estratégia de aumentar seus empréstimos bancários em 52% para financiar seu capital de giro no ano passado".
Internacional
"Em 2012, o Colorado foi o clube, entre todos os principais times da Série A do Brasileirão, menos endividado com empréstimos".
PONTOS LEVADOS EM CONTA

Obrigações trabalhistas / tributárias (correntes)
Envolve os compromissos com salários, encargos sociais, impostos e contribuições, a vencer após 31 de dezembro e/ou vencidos, que ainda não foram liquidados após a concessão do parcelamento via Timemania, que ocorreu em 2006.
Acordos e contingências
São as dívidas vencidas e não liquidadas (de natureza civil, fiscal e trabalhista), mas que foram parceladas por meio de acordo entre clubes e os respectivos credores. Também entram na conta dívidas (das mesmas naturezas) em fase de discussão judicial sem plena definição quanto a prazos e valores.
Empréstimos
São as dívidas junto às instituições financeiras e/ou pessoas físicas e jurídicas com a mesma natureza.
Timemania
O valor é fruto do parcelamento de débitos tributários e com o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), concedido por meio da Lei 11.345/06, que criou uma loteria cujos rendimentos quitam as dívidas dos clubes com o governo federal.
COLORADO NA CONTRAMÃO DO GALO
Enquanto o Atlético-MG é campeão em acumular dívidas através de empréstimos, o que empurra o Galo para a parte de cima da relação de devedores, o Internacional, um dos quatro que diminuíram a dívida, vai na contramão. Os gaúchos registraram em 2012 apenas R$ 600 mil de débito no quesito.
– O clube tem a estratégia de manter as despesas dentro da capacidade de geração de receitas. Pedir empréstimos? Não vamos dizer que não fazemos isso, mas é só em último caso – comentou Milton Stella, diretor financeiro colorado, ao LANCE!, prevendo um futuro de sustentabilidade no futebol:
– Não há mais espaço para irresponsabilidade. A realidade de ajuste financeiro será incorporada, mais cedo ou mais tarde.
Como revelou a auditoria, a maior fatia da dívida do Internacional é com a Timemania. Ou seja, um compromisso que não foi firmado recentemente.
– Nós pagamos as parcelas devidas e seguimos um cronograma. Isso evita que as coisas acumulem. Essa prática não gera o aumento da dívida e isso tem feito diferença aqui no Inter – finalizou Milton.


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