quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Rede Globo visita a Confraria San Sebastian!

Transcrevo a matéria do competente jornalista Marco Astoni, que nos deu o prazer de passar algumas horas entre os confrades em nossa reunião semanal.
A reportagem encontra-se no link no site: http://globoesporte.globo.com/futebol/times/cruzeiro/noticia/2014/12/cruzeirenses-se-reunem-para-comer-beber-e-influenciar-politica-do-clube.html

Link na TV: http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-esporte-mg/t/edicoes/v/cruzeirenses-tem-lugar-especial-para-se-reunir-e-torcer-pelo-clube/3837963/

17/12/2014 12h56 - Atualizado em 17/12/2014 13h15



Presidentes, diretores, conselheiros e sócios do clube campeão brasileiro
se reúnem semanalmente em um jantar que mistura festa e debate político

Por Belo Horizonte
Confraria San Sebastian Cruzeiro (Foto: Marco Antônio Astoni)Confraria San Sebastian do Cruzeiro: noites tipicamente italianas (Foto: Marco Antônio Astoni)
Uma noite tipicamente italiana, com direito a vinho, música e boa comida. E, principalmente, de muita conversa. Assim é a Confraria San Sebastian, encontro que reúne semanalmente, diretores, conselheiros, sócios e torcedores do Cruzeiro Esporte Clube. A ideia é a de sempre se divertir, beber, comer e estreitar os laços de amizade entre os frequentadores, mas, como o futebol sempre toma conta dos assuntos, a Confraria, que em agosto completou 15 anos, se tornou um dos mais importantes espaços políticos do clube.   
Tudo começou em 1999, quando 20 conselheiros se uniram com a ideia de criar um espaço de convivência entre eles, dentro da sede campestre do Barro Preto, na região central de Belo Horizonte. Os planos originais previam que, a cada terça-feira, um confrade seria responsável pelo jantar, enquanto os outros bebiam e comiam, como conta Anísio Ciscotto Filho, presidente do conselho fiscal do Cruzeiro.   
- Na verdade, a confraria nasceu mais por uma questão gastronômica do que política. Nós juntamos 20 conselheiros e compramos equipamentos como forno e fogão. A cada terça-feira um conselheiro cozinhava para os outros. Mas, depois disso, a própria estrutura do clube foi mudando. A nossa ideia sempre foi assim. A questão assim de congraçar, de estar junto, de discutir, de orientar, de dar um palpite. Os outros chamam de cornetar, nós chamamos de dar um palpite.   
Presidente Gilvan de Pinho Tavares na Confraria San Sebastian do Cruzeiro  (Foto: Marco Antônio Astoni)O presidente Gilvan de Pinho Tavares frequenta as reuniões (Foto: Marco Antônio Astoni)
As reuniões da Confraria foram ficando famosas dentro do clube e atraindo um número cada vez maior de pessoas. A ponto de virar um espaço de referência política, já que presidentes, ex-presidentes e diretores passaram a ser assíduos nos encontros. O superintendente das categorias de base, Bruno Vicintin, dá um exemplo da força e da importância do que é conversado na Confraria San Sebastian.    
- A contratação do Alexandre Mattos começou a ser efetivada aqui na Confraria. Na época, eu o apresentei para o Dr. Lemos, que o apresentou ao Dr. Gilvan, numa terça-feira. Eles conversaram e a história começou aqui. Dos últimos anos, esta foi a mais marcante da Confraria. Novas ideias e novos conselheiros surgiram aqui. A Confraria ajuda muito.     
Presenças ilustres     
A Confraria San Sebastian é tão importante na estrutura política do Cruzeiro, que o nome do novo diretor de futebol do clube deve sair de um conselho ou uma conversa de algum confrade com o presidente Gilvan de Pinho Tavares. Quem revela é o vice-presidente administrativo José Francisco Lemos Filho.   
- Aqui o pessoal corneta também e sugere nomes de jogadores ao presidente. Tem muitas críticas também. É como se fosse uma crítica dentro da família, por isso é bem aceita. O novo diretor de futebol deve sair de alguma ideia da Confraria, mas tenho certeza que o Dr. Gilvan ainda não acertou nada.   
Anísio Ciscotto, Hermínio Lemos e Carlos de Souza Carmo (Foto: Marco Antônio Astoni)Anísio Ciscotto (esq.): encontros para "dar um palpite"(Foto: Marco Antônio Astoni)
Para Bruno Vicintin, que ressalta o lado divertido das reuniões da Confraria, as reuniões são mais importantes no aspecto político do que nas decisões ligadas ao futebol.   
- A Confraria é tradicional dentro do clube, é um encontro semanal. A maioria é conselheiro ou se tornou conselheiro depois que passou a frequentar a Confraria San Sebastian. É uma terça-feira para todo mundo tomar vinho, escutar bastante cornetagem e se divertir, principalmente. Claro que tem uma influência política, não tanto no futebol. É uma porta dentro do clube pra fazer novas amizades.     
Turma de palpiteiros     
O certo é que, antes de serem diretores, conselheiros ou sócios, os membros da Confraria San Sebastian são cruzeirenses fanáticos. E, como bons torcedores, não abrem mão de dar um palpite na contratação de um jogador ou de um técnico. O novo presidente do Conselho Deliberativo, João Carlos Gontijo Amorim, confirma a vocação de ‘palpiteiros’ dos confrades. Ele conta que muitas destas sugestões são ouvidas e colocadas em práticas, o que torna o Cruzeiro um clube cada vez mais forte.    
- A gente também dá palpites, mas de forma informal, mais amiga. Neste momento, nos permitimos, entre nós, dar palpites e sugerir ideias e propostas que, muitas vezes, são ouvidas e mantém o Cruzeiro neste patamar de grandeza que tem hoje.    
Aristóteles de Paula Lorêdo, o Tote, diretor de tecnologia de informação do clube e um dos fundadores da Confraria, se diverte com o assunto e admite que também já deu seus palpites.   
- Isto sempre acontece porque todos nós somos técnicos e todos nós pensamos em ajudar. Essas conversas são soltas, estes palpites. Em qualquer lugar que você fala de futebol tem um corneteiro. Como todos os brasileiros, nós também pensamos que somos técnicos.   
José Francisco Lemos Filho, vice - presidente do Cruzeiro  (Foto: Marco Antônio Astoni)José Francisco Lemos Filho, vice-presidente do Cruzeiro (Foto: Marco Antônio Astoni)
Tote, porém, lembra que as sugestões são apenas informais e que, na Confraria, os assuntos são leves. Os problemas mais sérios ficam dentro da estrutura de organização do clube e por lá são resolvidos.   
- Aqui é um ambiente de lazer, onde as sugestões são bem-vindas. Problemas de gestão são resolvidos dentro da estrutura, dentro da diretoria. Aqui é um momento de lazer a gente gosta disso. O presidente vem para conversar sobre vários assuntos, sem focar em nada na gestão do clube. Ideias surgem, é claro, mas problemas são tratados longe daqui.    
O presidente da Confraria, Hermínio Francisco Lemos, conta que o presidente Gilvan de Pinho Tavares, frequentador habitual, ouve todas as sugestões, com a maior paciência possível.   
- Antes de sermos sócios, somos torcedores do Cruzeiro. E como torcedores mandamos sempre nossa mensagem com o presidente. Ele tem uma paciência muito grande para ouvir todos, apesar do pouco tempo que tem. Todo mundo tem um grande jogador para sugerir ao presidente Gilvan.     
Tradição e futuro     
Apesar da importância que têm nas decisões políticas do clube, os membros da Confraria San Sebastian preferem ressaltar o lado divertido das reuniões. Ainda assim, é fácil perceber nos encontros que o grupo se preocupa em preservar as tradições e origens italianas do Cruzeiro e também em manter-se rejuvenescido e antenado com o mundo. O conselheiro Rafael Brandi, filho do lendário presidente Felício Brandi, que comandou o Cruzeiro entre 161 e 1982, fala do histórico cruzeirense de promover encontros e debates, ao longo dos anos. Para ele, a presenças dos símbolos italianos no clube também é muito importante.   
- É interessante lembrar que o Cruzeiro sempre foi marcado por momentos e encontros como este. Já faz parte da história do clube. No passado, na época da gestão do Felício Brandi, meu pai, a gente tinha o jantar dos cardeais. Todas as discussões, todos os grandes diretores e presidentes do Cruzeiro saíram deste encontro. Hoje tem a Confraria, onde, da mesma forma, há um grupo muito unido. Várias discussões, histórias e sugestões saem daqui e a gente tenta manter isto de forma saudável. Tem uma tradição muito marcante do grupo de italianos, que representa a nossa origem, o Palestra Itália. E isto a gente sempre tem que preservar.   
Bruno Vicintin, superintendente das categorias de base do Cruzeiro (Foto: Marco Antônio Astoni)Bruno Vicintin e a importância dos encontros: tomar vinho e cornetar (Foto: Marco Antônio Astoni)
O advogado Fabrício Augusto Reis é presidente de uma torcida organizada do Cruzeiro e frequentador da Confraria há cinco anos. Com 38 anos, é um dos mais jovens do grupo, mas isto não é problema para ninguém, segundo o próprio Fabrício.   
- A gente tem uma receptividade muito grande do pessoal da velha guarda do Cruzeiro. A turma nova vem rejuvenescendo a Confraria pra trazer ideias inovadoras e a juventude pra perto do pessoal que já faz esta confraternização há muito tempo. Eu acredito que a gente é ouvido. A gente planta uma semente. O bate papo é bem informal, aqui não há nada com rigor de forma, é tudo bem descontraído. Assim a coisa acontece. A gente vem participando da política do clube, na medida das possibilidades que a gente tem. As ideias que a gente traz são sempre debatidas pelas pessoas que já fazem parte da confraria há mais tempo.   
Consciente do papel que cumpre, de contribuir com sugestões para o dia-a-dia do clube e também de ser uma opção de diversão para seus membros, a Confraria San Sebastian ganha força a cada reunião. Independentemente de tudo isto, ela segue sendo muito querida por todos que a frequentam, como resume Tote.   
- Eu acredito que existem poucas situações como a Confraria no Brasil. Nós criamos este movimento há 15 anos para juntar as pessoas e isto se tornou a Confraria, que é um encontro de amigos. É um ambiente realmente maravilhoso. 

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