sexta-feira, 29 de março de 2013

Cruzeiro x Villa Nova, sempre uma guerra!





Existem times que quando jogam contra o Cruzeiro sempre mostram um desempenho maior do que o normal. A Portuguesa, por exemplo, é um time que sempre apronta para cima do Cruzeiro. No cenário estadual temos duas equipes que mesmo quando não estão bem se superam quando nos enfrentam: América e o Villa Nova.
O Leão do Bonfim, particularmente, é um osso duro de doer. Um time cascudo que gosta de mostrar suas garras quando enfrenta a Raposa. Jogos memoráveis, já assisti, tanto em Belo Horizonte quanto em Nova Lima. Quantas vezes tive que sair correndo margeando o ribeirão dos Cristais com a galera de Nova Lima correndo atrás!
O Villa já montou vários times bravos e já se sagrou campeão mineiro em duas oportunidades. Lançou grandes jogadores e eu poderia elencá-los aqui. Um, porém, sempre que o via jogando, me despertava a atenção pela elegância e como conseguia parar o ataque Cruzeirense. Lembro-me bem dele pois sempre perguntava ao meu pai quem era aquele branquelo altão que sempre conseguia parar Palhinha, Joãozinho e companhia, e a resposta era: Aquele é o Marquinho Central! Fiquei sabendo recentemente que o Marquinho Central, que se chamava Marco Antonio Aganette, faleceu em Nova Lima. Com certeza está jogando na Seleção dos Anjos!
Um jogo que me marcou especialmente foi um que ocorreu em uma noite de quarta-feira no Mineirão pelo campeonato Mineiro. Eu era um adolescente com 16 anos e estava na fase áurea da paixão pelo meu Cruzeiro! Eu tinha uma bandeira de quatro metros de cumprimento que fazi muito sucesso no Mineirão, pois além de muito bonita, tinha uma frase escrita nela em letras garrafais: NASCI CRUZEIRO. OBRIGADO MAMÃE! 
À época, meu irmão mais velho havia ingressado na UFMG para estudar geologia. Muito conversado que era, fez logo muitos amigos e montou um grupo que sempre ia ao Mineirão nos jogos do Cruzeiro em uma camionete Rural. O dono da Rural era o Pedro Adolfo, que morava no Santo Antônio perto da Copasa. Em dia de jogos ele pegava a camionete e ia passando na casa dos amigos que pulavam com suas bandeiras para a carroceria. Naquele tempo carregar pessoas na carroceria não era crime e muito menos dava multa... Assim, dia de jogo, lá ia a camionete Rural carregada de jovens rumo ao Mineirão com muitas bandeiras desfraldadas e hasteadas em seus mastros de bambu.
O jogo à noite sempre começava às 20:00 hs e com isso dava tempo de voltar correndo para casa para assistir o vídeo-tape na extinta TV Itacolomi (Sempre na Liderança!). Comprávamos ingresso na geral e ficávamos no lado oposto das cabines de rádio, sempre juntos à bandeirinha de córner seguindo o ataque do Cruzeiro. Era o lugar que mais aparecida na televisão. Ficávamos ali e depois do jogo assistíamos o VT na TV e nos divertíamos vendo a nós mesmo na transmissão televisiva.
No dia do jogo contra o Villa que me marcou mais, ficamos no lugar de sempre e, no intervalo nos deslocamos, sempre na geral, para o local que ficava abaixo da torcida de Nova Lima. Nós gritando contra os Villanovenses e eles, de cima na arquibancada, gritando contra nós e jogando tudo o que era achado no chão em cima de nós. Copos de cerveja, nem sempre com cerveja dentro, mamuchas de laranja, restos de comida e o que mais aparecesse por lá. Eles jogavam e a gente em baixo, se desviava e continuava a batalha, pois devolvíamos as mamuchas para cima. Com o início do segundo tempo cessaram-se as hostilidades.
O jogo transcorreu normalmente e terminou com mais uma vitória cruzeirense.
Subimos na Rural e voltamos para casa com a mesma alegria da ida. Passamos pela praça Raul Soares e pegamos a avenida Bias Fortes, que era nosso caminho rumo ao Santo Antônio. Porém, no sinal da Bias Fortes com Curitiba, paramos ao lado de um ônibus no sinal. Qual não foi nossa surpresa de ver as portas do coletivo abrindo e uma quantidade enorme de gente descendo e gritando: São eles! São eles!
Só tive tempo de pular da carroceria e sair correndo com minha bandeira, sendo perseguido por uma quantidade enorme de villanovenses. 
O pau quebrou, literalmente, pois nossa turma pegou os bambus e usou-os como arma de defesa. Devíamos ser uns dez contra uns sessenta novalimenses. A nossa sorte foi que duas patrulhas da Polícia Militar, uma em uma kombi e outra em um fusquinha, apareceram por lá e acabaram com a batalha.
Como é bom ser jovem e cheio de vida e resistência! Corri quase até a rua São Paulo e fui salvo pela PM! Como corri!
Ao final da briga fiquei sabendo que fomos reconhecidos pela minha bandeira, porque enquanto meus companheiros discutiam na geral com os rivais na arquibancada, eu fiquei balançando minha bandeira acintosamente e fazendo gestos para a turma lá de cima.
Bem, no final das contas fomos liberados e os novalimenses também, cada turma seguindo para sua casa. Imagino que a manhã da quinta-feira foi de muita conversa e resenha em Nova Lima, com os vizinhos sabendo como os amigos colocaram a torcida do Cruzeiro para correr. Aqui em Belo Horizonte o assunto na UFMG foi como nove adultos e um adolescente Cruzeirenses enfrentaram e bateram em um ônibus repleto de torcedores do Villa Nova...
Na final do Campeonato de 1997 as duas torcidas se reencontraram no Mineirão e bateram o recorde de público no estádio. O recorde tinha que ser, realmente, no encontro entre as duas torcidas mais vibrantes e apaixonadas de Minas Gerais!

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