quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A festa na casa do Macalé

Eu acho que foi em 1995. Eu era Gerente Geral da Caixa Econômica Federal em Sabará e já era Conselheiro do Cruzeiro. Era muito conhecido na cidade, justamente por causa desse detalhe. Como Conselheiro eu era um elo de ligação entre a comunidade e o Cruzeiro Esporte Clube, que já àquela época, tinha a esmagadora maioria da torcida daquela cidade. 
Em 1994 levei o Cruzeiro a Sabará para um jogo contra o Siderúrgica, no estádio daquele time, na Praia do Ó. Lembro-me com muito carinho daquela partida, pois em troca de alimentos e roupas, proporcionamos aos sabarenses reviver os grandes espetáculos que lá aconteceram até o final da década de 1960. O Cruzeiro retornava à Praia do Ó e enfrentava o bi-campeão mineiro Siderúrgica com um time misto que tinha craques como Macalé, Webert, Guna, Zelão e até mesmo Ricardinho (que depois se transformou no Mosquitinho Azul) que fez sua estréia com a camisa do profissional naquele dia.
Sabará era uma festa! Um carnaval animadíssimo com a competição entre as escolas de samba Rancho das Flores e Moralistas do Samba. O campeonato de futebol amador não devia nada em animação e rivalidade ao campeonato de futebol profissional da FMF. Marzagão, Alvorada, Botafogo, Ferroviário e muitos outros faziam a festa do povo da mais antiga cidade de Minas Gerais.
Muitos craques de Cruzeiro, Atlético, América e tantos times do Brasil afora são oriundos de Sabará.
Certo dia, com a agência já fechada, escuto alguém bater na pesada porta de madeira do casarão, na praça Santa Rita, onde funcionava a Caixa Econômica Federal. O saudoso vigilante Tião foi abrir a porta e voltou acompanhado de um senhor negro, muito gordo e sorridente. Era o pai do Macalé, meio-campo do Cruzeiro. 
Macalé tinha ganhado uma bela casa do Cruzeiro, na sua última reforma de contrato. Eu, como representante do Cruzeiro em Sabará, fui o responsável pelo fechamento do negócio. Uma belíssima casa de dois andares, com uma área muito grande embaixo. Local ideal para churrascos e festas. E era aí que estava o motivo da visita de seu Rebolo (acho que era esse o nome dele). Macalé chamara os jogadores do Cruzeiro para um churrasco na sua nova casa. Na visão do pai de Macalé, problemas se avizinhavam. Me pediu que fosse à festa, pois minha presença inibiria os mais animados.
Liguei para minha esposa e avisei que iria chegar mais tarde, pois iria a um pagode de jogadores de futebol. 
Devidamente autorizado pela esposa, fui para a casa do Macalé, onde um luzidio Escort XR3 conversível decorava a garagem. Entrar na casa foi um custo, pois o time do Cruzeiro quase todo estava lá. E a população da cidade também. Dida, Arley Álvares, Edenílson, Macalé, Cleisson, Roberto Gaucho e tantos outros estavam presentes. Tudo correu muito bem, e minha presença, realmente, tolheu a animação de muitos jogadores. Lá pelas 22:00hs, começaram a ir embora e eu também me preparava para sair, quando a mãe de Macalé veio me falar que o Cleisson tinha sido detido pela polícia militar por desacato. Lá fui eu para a delegacia tirar o jogador do problema. Como gerente da Caixa e pessoa muito estimada na cidade, convenci o delegado que o Cleisson não tivera a intenção de ofender o PM ao chamá-lo de "gambé", pois ele mesmo, o Cleisson, era filho de um policial militar. Quando voltei para a casa do Macalé, não havia mais ninguém. todos haviam saído para outros lugares, ficando livres do Conselheiro dedo-duro. Devo ressaltar que o Macalé não saiu. Ficou em casa.
Fiquei sabendo, no dia seguinte, que foram para uma boate onde agrediram pessoas, se embriagaram e até mesmo bateram carros. Uma lástima.
O jornalista não teve o escrúpulo de verificar a história e publicou que a esbórnia havia acontecido na casa do Macalé, o que não aconteceu. Macalé foi punido por Zezé Perrella, que mal informado, resolveu mostrar o seu pulso de Presidente recém eleito.
Fui à Toca da Raposa e contei o que ocorrera ao Zezé e comissão técnica, mas não me deram ouvidos. Os jogadores que foram à festa, ficaram contra mim, pois achavam que eu havia dedurado. Os que não foram ficaram com raiva, pois achavam que eu estava defendendo os irresponsáveis.
Saldo da epopeia: fiquei queimado por um bom tempo com os jogadores.
Essa é a minha versão sobre o ocorrido em Sabará. 
Sabará, terra da jabuticaba, do ouro e do povo mais feliz e animado de Minas Gerais. Sou cidadão honorário de Sabará, e como tenho orgulho e sou agradecido por isso!

3 comentários:

  1. olá amigo Anisio ciscoto , gostei do seu blog estou levando seu link e colocando na minha lista de links de blogs e sites parceiros caso queira adcionar o meu link fique a vontade se ainda não conhece visite meu blog basta clicar no link

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  2. apesar de atleticano gostei bastante desta história. Parabéns pelo blog!

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