segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Entre Duas Pátrias - A Grande Guerra dos imigrantes ítalo-brasileiros



                Dia 24 de maio de 1915 o Reino d’Italia declarou guerra ao Império Austro-Húngaro. Enquanto o Rio Piave murmurava, o Regio Esercito se deslocou para as fronteiras com o inimigo e começaram os combates. Logo começaram as mortes de soldados dos dois lados: o primeiro italiano que tombou foi Riccardo Giusto, um soldado Alpino, de apenas 20 anos de idade e nascido em Udine. No próprio primeiro dia de Guerra, começava a matança de jovens que acorriam aos postos de recrutamento para se alistarem.
        Aqui também, em Belo Horizonte, assim como em todo o Brasil, muitos jovens descendentes, e mesmo imigrados italianos, correram para os Consulados Italianos para se alistarem e poderem lutar por sua Pátria europeia. É bom lembrar que os descendentes de italianos possuem ao nascer o direito à Cidadania Italiana. A cidadania vem pelo sangue e não pelo locar de nascimento. Assim sendo, qualquer filho ou neto de italianos, ao nascer aqui no Brasil, se torna brasileiro por nascimento e italiano por sangue.
        Na verdade, os jovens ítalo-descendentes não tinham a obrigação de se alistarem, mas o fato de se ganhar uma passagem para a Itália, mexeu demais com a cabeça da rapaziada oriundi. Muitos conheciam a Itália apenas pelas estórias contadas pelos avós e pais, A Guerra trazia a oportunidade de realizar o sonho, às vezes tão distante, de conhecer a terra dos ancestrais. Aliado a isto, havia ainda o espírito de aventura, participar de uma guerra! A mobilização da comunidade italiana foi tão grande, que muitos jovens viam no alistamento, a oportunidade de se valorizar perante seus co-nacionais. O fato de se alistar, transformava o jovem imediatamente, em um herói da comunidade italiana. Foram muitos os atrativos. Foram muitos os que foram. Foram muitos os que não voltaram...
        Durante muito tempo, a história desses bravos e valorosos rapazes ficou guardada nas conversas familiares. Muitas famílias, inclusive a minha, sabiam desse fato ocorrido no início do século XX. Mas a Historiografia Brasileira não sabia. Segundo o que aprendemos nas escolas, o Brasil declarou guerra às potências Centrais em 1917 e mandou uma ajuda aos aliados ocidentais. Mandou uma missão médica com 100 profissionais de saúde para Paris, onde doou um hospital para curar feridos de guerra, 13 oficiais pilotos para combaterem pela Real Força Aérea Britânica e navios para que combatessem no Mediterrâneo. Não sabia que o Brasil enviou 12.500 soldados para combater os austro-húngaros no nordeste da Itália usando o uniforme italiano.
        Bem, informação não é coisa para Historiador guardar. É para ser divulgada. Pensando nisto, no Centenário do início da Primeira Guerra Mundial, tive a ideia de contar tal História. Aproveitando a vinda do Professor Emilio Franzina, renomado Doutor em História e especialista em Imigração Italiana e Primeira Guerra Mundial, combinamos, enquanto tomávamos café na casa do também renomado Professor Girolletti, de escrevermos um livro sobre tal assunto. Ele faria as pesquisas na Itália e eu faria as pesquisas no Brasil.
        Assim nasceu o livro “Entre duas Pátrias - A Grande Guerra dos Imigrantes Ítalo-Brasileiros, 1914-1918”.
        É um livro que elevou o Brasil de categoria entre os países combatentes na Primeira Guerra Mundial. Também conta as histórias de jovens, reproduzindo cartas do front, histórias extras que são muito similares a de jovens de outros países que combateram, principalmente os Estados Unidos, que tiveram cidadãos lutando com uniformes de países europeus, que viraram livros famosos e depois filmes, como Adeus às armas ou Fly boys.
        Bem, recomendo a leitura, principalmente para quem curte História militar ou goste de ver como, acontecimentos tão distantes, estiveram tão perto de nós um dia...
        Boa leitura!

Se deseja comprar um exemplar, mande um email para: imigrante.italiano@hotmail.com

Um comentário: