quinta-feira, 8 de março de 2012

Paz nas quadras e fora delas

Rivalidade é muito salutar e nos ensina a valorizar nosso esforço no sentido de sobrepujar nossos adversários através da competição sadia e cordial. Ser rival não significa ser inimigo. A rivalidade pode, inclusive, proporcionar sinceras amizades, através do convívio constante nas disputas esportivas. É muito salutar ver o encontro de atletas antes dos jogos, quando reencontram os amigos com quem já jogaram pelo seu time e agora estão em lados opostos: se abraçam, conversam, se inteiram sobre os familiares e, muitas vezes, combinam um encontro, se possível, após a partida para continuar o papo e colocar os assuntos em dia. Acontece no futebol, no vôlei, no basquete e em vários esportes. Durante as partidas, são rivais e se doam pelos seus clubes. Após as partidas são camaradas e amigos.
É uma pena que nem todos pensem assim. Há, inclusive, pessoas que incentivam o contrário, promovendo a discórdia e incentivando a violência e o anti-jogo. Pessoas que se acham acima do bem e do mal e que tudo o que puderem fazer para ganhar, justificará os meios de como conseguir a vitória.
Recentemente, tivemos uma demonstração de como funcionam tais coisas em um jogo de vôlei da Superliga 2011/2012. Jogaram em Contagem os times do Cruzeiro e do Vôlei Futuro. Neste momento, ouso dizer que se trata da maior rivalidade existente dentro do voleibol nacional, devido aos grandes recentes embates e também ao altíssimo nível dos jogadores e treinadores das duas equipes.
Na sexta-feira, antes da partida e como de costume, o ginásio foi liberado para a equipe visitante fazer seu treinamento e reconhecer o local do jogo. Após o treino da equipe da casa, a delegação do VF entrou em quadra e estava fazendo o seu treinamento, que transcorria normalmente até que aconteceu uma queda de energia em quase toda Minas Gerais, chegando inclusive, a causar o desligamento da energia em algumas cidades do estado do Rio de Janeiro. Logicamente o treino teve que ser paralisado e como o apagão durou alguns minutos, preferiram cancelá-lo. Aí começou o anti-jogo...
Em janeiro o Cruzeiro foi a Araçatuba enfrentar a equipe do VF pelo turno da competição. No dia anterior foi realizar o seu treinamento no ginásio Plácido Rocha e, quando iniciava suas atividades, a energia foi cortada. Empregados da manutenção explicaram que se tratava de um apagão e que não teriam como religar as luzes. Detalhe: o apagão aconteceu somente no ginásio, pois toda a vizinhança estava acesa. No dia do jogo, o time mineiro venceu por 3x2 sendo que o ponto da vitória foi resultante de um cartão amarelo ao competente técnico da equipe paulista. Os mineiros tiveram que sair do ginásio escoltados pela polícia, conforme foi noticiado por vários meios de comunicação.
Feito esse aparte, retorno à partida de Contagem. Ao verem a luz desligada, alguns membros da delegação viram na queda de energia uma retaliação do golpe baixo aplicado em São Paulo. E partiram para a violência. Quebraram cadeiras do estádio, vandalizaram o vestiário jogando papel higiênico usado e molhado no teto, arremessaram as placas de propaganda nas cadeiras onde o público se assenta e deixaram um singelo recado através de um bilhete deixado no vestiário com os dizeres: "Eu já sabia"!


É a prova cabal que já estavam preparados para uma atitude anti-desportiva em retaliação ao mal feito em Araçatuba. Só que se deram mal. Penso que, ao se dirigirem ao hotel, devem ter percebido que não era a resposta do Cruzeiro ao ocorrido em janeiro e sim um apagão como os que tem acometido os brasileiros de vez em quando.
No dia do jogo, tiveram que usar o vestiário do jeito que haviam deixado, com os papéis sujos pregados no teto, afinal , não houve tempo hábil para contratar uma empresa que conseguisse limpar o teto. O cheiro no vestiário não estava bom...
Após o jogo, a PM foi novamente acionada para fazer um boletim de ocorrência no vestiário, pois mais cadeiras foram quebradas.

Não é de hoje que o Vôlei Futuro proporciona tais episódios, querendo ganhar no grito e na intimidação. Ano passado, após o lamentável episódio ocorrido no ginásio de Contagem tentou, de todas as maneiras, retirar o mando de campo do Cruzeiro, usando sórdidos artifícios de bastidores que não deram resultado. A prova de que tal incidente foi um ato isolado, foi a recepção que a torcida do Cruzeiro proporcionou aos jogadores do VF antes e depois dos jogos que aqui ocorreram após aquela fatídica partida. É bom ressaltar que o atleta vilipendiado naquela data, foi um dos mais festejados no último jogo, tirando fotos e distribuindo autógrafos e simpatia aos seus novos fãs. Durante a partida, no último set, o oposto Lorena passou a provocar a torcida e recebeu o troco em apupos. Após o jogo, o que mais se ouviu fora do ginásio eram elogios à força do jogador e comentários de como seria bom para a torcida do Cruzeiro ter um atleta tão emocional assim. Seria a torcida mais vibrante com um ídolo super vibrante.
Por fim, a prova de que a rivalidade transcende o campo esportivo, se traduzindo em raiva e despeito, foi a resposta que recebi do treinador da equipe paulista após o jogo. Estava conversando com dois ex-atletas do Cruzeiro que agora jogam no Vôlei Futuro, Bob e Piá, quando o técnico passou por mim e fiz um comentário com ele e com os dois. Disse que haviam errado em escolher as cores do uniforme do dia, que eram o preto e branco. Que a especialidade do Cruzeiro era vencer os times de preto e branco (em alusão às cores de nosso rival no futebol mineiro). Os jogadores entenderam e riram muito. O treinador não. Me disse: "O senhor é muito engraçadinho"! E saiu fulo da vida. A atitude dele refletiu bem o estado de espírito dos que dirigem a agremiação de Araçatuba. Os atletas recebem tal carga negativa e extrapolam, como aconteceu dentro do vestiário com alguns. 
O que aconteceu já era esperado, afinal, eles "já sabiam"...
Da parte do Cruzeiro, cabe levantar a bandeira branca e lembrar aos rivais que o jogo é jogado dentro das quadras e a vitória persegue aqueles que se preparam para o jogo e apenas para o jogo. Os últimos resultados dos encontros entre as duas equipes têm mostrado sobejamente como tal assertiva é correta.

2 comentários:

  1. Como participei de várias competições de handebol, fiquei até acostumada com atos desse gênero. Mas meu ex-técnico sempre foi acima do nível (ele é ex-técnico de volei profissional, jogador universitário do esporte e fã número um do Bernadinho) e brigava com nosso time caso alguém se rebaixasse a esse nível. Pode saber Anisio, é o retrato de um time são as ações espelhadas na atitude de seu técnico.

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  2. Que vergonha... isso a imprensa bairrista de SP não mostra... e depois vêm com aquelas camisetas de péssimo gosto dizendo que estão "protestando"... tsc tsc...

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