Sempre
fui fascinado pelo assunto Segunda Guerra Mundial. Tudo o que me traz informações
sobre aquele período da História do Mundo me chama a atenção e atrai. Filmes,
revistas, livros, modelos de montagem de aviões, dioramas e etc. Talvez pelo
fato de meu pai ter servido o Exército naquela época e, após dar baixa, ter
sido convocado para a FEB ( http://anisiociscotto.blogspot.com.br/2012/05/os-ciscottos-na-primeira-guerra-mundial.html
), tenha me aguçado o espírito guerreiro.
Entre os
filmes há um favorito: Uma ponte longe demais! Um filme americano
de 1977,
dirigido por Richard Attenborough, com roteiro
baseado no livro de mesmo nome de Cornelius Ryan, adaptado
por William Goldman. Um desfile de astros e uma
estória emocionante.
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Capa do DVD do filme! |
Em
setembro de 1944 o Marechal Montgomery planejou uma operação contra a Alemanha,
que visava concluir a guerra antes do natal daquele ano. Sua intenção era
lançar grande número de paraquedistas atrás das linha alemãs na fronteira entre
Holanda e Alemanha. Os paraquedistas tomariam as pontes que cruzavam o Rio Reno
e unidades terrestres viriam pelas estradas para consolidar a ocupação feita
pelos paraquedistas. Uma série de avaliações erradas fez com que milhares de
paraquedistas americanos e principalmente ingleses e poloneses saltassem sobre
a Holanda, pousando sobre divisões blindadas, e de elite, alemãs. No caso do
ingleses, pousaram sobre a cidade de Arnhem, às margens do Rio Reno. Foi um
massacre.
Em abril
de 2012 recebi a notícia de que iria conhecer a Holanda acompanhando o time
sub-20 do Cruzeiro, que iria participar de campeonatos naquele país. Torneios
em Terborg, Den Haag e Amsterdam. Rapidamente entrei nos sites de consulta e
procurei saber sobre os locais onde jogaríamos e ficaríamos hospedados, tendo
em mente que eu poderia visitar algum dos locais onde combates foram travados.
Qual não foi a minha surpresa ao perceber que, Terborg, ficava a poucos
quilômetros de Arnhem, principal cidade da Província de Gelderland! Arnhem era
justamente a cidade onde os paraquedistas ingleses desceram e onde estava a
ponte que dava o título ao meu filme favorito!
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O hotel de Haterstein em setembro de 1944, com o comandante dos paraquedistas ingleses, General Urguhart. |
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O hotel, hoje museu, nos dias atuais. |
Em maio chegamos
a Terborg e minha expectativa estava no máximo. No primeiro dia de Holanda, já
procurei saber como chegar a Arnhem e quais os roteiros a seguir. Fui sozinho
no dia seguinte. Não convidei ninguém para ir comigo pois, não queria que nada
atrapalhasse aquele momento tão especial: eu no set real de meu filme favorito.
Peguei o trem e fui até Harteinstein, cidade limítrofe com Arnhem, onde os
ingleses desceram e fizeram o seu quartel general em um hotel local.
Atualmente, no prédio do antigo Hotel, há um museu sobre a ação dos
paraquedistas britânicos na Batalha de Arnhem.
Visitei o museu e seus arredores, sempre com a sensação de que retornava
no tempo e visualizava os locais mostrados no filme. Foi muito emocionante.
No subsolo do museu há um local que se chama “A experiência do paraquedista”
onde o campo de batalha foi reconstruído e você anda pelas ruas tendo a
sensação de que está no centro da batalha. Muito real e excitante, com os
ruídos de metralhadoras, granadas e gritos de soldados em alemão e inglês.
Vizinho ao
hotel/museu há o cemitério militar de Osterbeek onde 1.680 paraquedistas
ingleses estão sepultados. Após visitar o museu fui conhecer o cemitério. Me
impressionou a beleza do lugar e como os holandeses ajudam a preservar aquele Campo
Santo: todos os anos os pais levam seus filhos para que enfeitem as tumbas,
reverenciando aqueles que deram suas vidas para libertar o povo holandês do
jugo nazista. Fiz várias fotos e aproveitei bastante o silêncio e a calma.
Muito bom para meditar como a vida pode ser cruel. Dos 9.000 militares lançados
naquela localidade, quase 20% dos paraquedistas morreram em combate! Fiz um post sobre o local em meu
blog http://anisiociscotto.blogspot.com.br/2012/06/cemiterio-militar-de-osterbeck.html
.
Cemitério Militar de Osterbek. |
Mas o mais
emocionante estava por vir: peguei o trem e fui para a vizinha Arnhem. Da
estação peguei uma das ruas que passam pelo centro e terminam no boulevard às
margens do Reno e caminhei até a ponte. A Ponte John Frost! Frost foi o
comandante inglês a quem coube tomar a ponte, defendida por uma Divisão Panzer,
dispondo de apenas algumas centenas de paraquedistas com armas leves. Estar na
ponte onde tantos deram a vida para mantê-la ou tentar tomá-la, foi como estar
assistindo um jogo do Cruzeiro em pleno gramado do Mineirão! Revivi e imaginei
as emoções dos que participaram de página tão heroica e imortal!
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A Ponte John Frost vista das margens do Rio Reno. |
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Placa nomeando a Ponte como John Frost. |
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A Ponte longe demais! |
Após o ano
de 2012, retornei a Arnhem em 2013 e 2014. A cidade passou a fazer parte da
minha vida e a conservo sempre com carinho em minhas lembranças e no meu
coração. Não me canso de visitá-la, hoje com sua calma e seu centro histórico
lindo e conservado, mesmo após tanta destruição.
Espero
retornar a Arnhem novamente. Cada vez que lá vou, descubro um pouco mais da
História da Segunda Guerra Mundial e do espírito de luta do povo holandês e da bravura dos ingleses!