Um certo blogueiro
escreveu, e outro exultou pois havia provas de uma edição de
jornal, que dentro do Palestra Italia de Belo Horizonte, havia em
1923, simpatizantes do governo de Benito Mussolini.
Ora, não precisavam
ter pesquisado tanto! Bastava me perguntar! Eu afirmaria que sim.
Havia uma boa quantidade de adeptos do governo fascista no Palestra
e, com certeza, nos outros clubes de Belo Horizonte, àquela época.
A admiração a Mussolini e seu governo promissor, que se iniciara
poucos meses antes, era global! Em todo o mundo se discutia a maneira
como aquele ex-socialista de Milão endireitara a Itália após as
agruras da Primeira guerra Mundial. O mundo ainda atônito com a
Revolução Russa ocorrida seis anos antes, via naquele governante de
gestos amplos e teatrais, com um discurso de reerguimento do antigo
Império Romano como um dos baluartes contra a ação comunista que
crescia por várias partes do mundo.
Mussolini e seu
governo fizeram muitos adeptos pelo mundo. Àquela época, os
governos centralizadores e fortes atraiam a atenção por várias
partes do mundo. A Alemanha desenvolveu o seu modelo de fascismo,
Portugal, Espanha, Argentina e até o Brasil com Getúlio Vargas e
seu Estado Novo. Havia aqui também os Integralistas. Se os adeptos
de Mussolini eram identificados por suas camisas negras, o alemães
eram identificados por suas camisas cor cáqui, os integralistas
brasileiros eram por suas camisas verdes.
Várias edições de
jornais brasileiros anunciavam as melhorias e progressos que os
italianos de Mussolini faziam. Várias instituições brasileiras
adotavam modelos de administração dos italianos. A nossa
Previdência Social, com seus institutos, e nossa legislação
trabalhista, tiveram inspiração nos modelos italianos.
Nos idos do início da
década de 1920, a partir de outubro de 1922, admirar o governo
fascista não era pouco comum não. Aliás, era muito comum. A partir
do final da década de 1930 e início da de 1940, quando Mussolini
mostrou sua política externa se aliando a Hitler e aderindo ao eixo
Berlim-Roma-Tóquio, aí sim, o mundo viu o engano da propaganda
fascista e nazista.
É sempre bom lembrar
que, mesmo em países extremamente resistentes a tais modelos
autoritários, existiram partidos fascistas, como no caso da
Inglaterra, onde os nazistas ingleses desfilavam e faziam a saudação
com o braço ereto, sob a liderança de um senhor cujo filho se
tornou muito famoso nas corridas de Fórmula Um.
Querer transformar a
Società Sportiva Palestra Italia em um antro de fascistas
sanguinolentos é querer mudar a História. Aliás, se não sabem, os
italianos também ficaram famosos pela liderança no movimento
sindical e pela exportação de ideias como o anarquismo. Com muita
certeza, como um time oriundo de pessoas humildes e trabalhadoras,
dentro do Palestra deviam existir adeptos do anarquismo e muitos
líderes sindicais. A imprensa mineira também foi povoada por muitos
pioneiros italianos. Minas deve muito aos italianos pelos bons
jornais que tem. Aliás, há excelentes teses de doutorado sobre o
assunto nos anais da UFMG. Como nos mostrou o nosso blogueiro, é
muito fácil consultar. Pena que nosso amigo tostou suas pestanas
apenas na procura de provas de sua sórdida teoria.
De dentro do Palestra
Italia não ouvia-se conspirações. Ouvia-se o murmúrio dos planos
de construção de hospitais, escolas de medicina e engenharia e
arquitetura. Muitos foram os benefícios para a comunidade da nova
capital que saíram do labor e genialidade dos sócios do Palestra.
Quando a Segunda
Guerra Mundial eclodiu, além de adotar um nome que representava a
Pátria Brasileira, o antigo Palestra doou todos seus troféus para
que o metal fosse derretido e transformado em armas para nossas
forças armadas.
Comparar o passado com
os olhos do presente é um erro crasso. Infelizmente as pessoas
erram, ao votar, ao comprar ou vender algum bem, ao escolher o time
pelo qual torce e até qual colunista lê.
Àquela época, a
Itália já era muito presente em toda Belo Horizonte, inclusive nos
clubes adversários. É só pegar as escalações dos vários times
de futebol da capital e lá veremos vários sobrenomes italianos. Um dos mais famosos foi Guaracy Januzzi, o lendário Guará (que dá nome ao troféu da Rádio Itatiaia) e que, na década de 1930, não jogava no Palestra. No
início do século, a população de Belo Horizonte possuía mais
italianos e descendentes do que qualquer outra nacionalidade. Mais uma prova que já nasceu sendo o TIME DO POVO!
O que o blogueiro e
seu ajudante talvez não saibam é que a atual Escola Estadual Pandiá
Calógeras, nasceu, batizada pelo Governo de Minas Gerais como Grupo
Escolar Benito Mussolini. Só falta acusar os dirigentes de nosso
estado de Fascistas empedernidos. E, um grande presente que Mussolini
deu a Belo Horizonte, foi o Colégio Marconi, um magnífico edifício
que tem como planta baixa o desenho da águia fascista. Os
belorizontinos devem ter ficado impressionados com o presente, e com
certeza devem ter elogiado muito o gesto do ditador italiano.
Assim sendo, senhor
blogueiro e senhor assistente de blogueiro, provavelmente os vossos
avós devem ter discutido com os amigos sobre os progressos dos
fascistas de Mussolini nos anos entre 1922 e 1930. E quem sabe,
àquela época, não foram simpatizantes também...
Pois conheço muita gente que não tem origem italiana e aproximou-se do Palestra, na década de 20, por causa do ANARQUISMO e das questões do movimento sindical. Dá tristeza a falta de informação básica de certos blogueiros que arrebatam teleguiados e que passam a ter "palanque" da mídia obtusa e obscura.
ResponderExcluirO pior é querer se passar por Historiador. Marc Bloch deve estar chorando de rir no céu...
ExcluirVc tem material sobre isso? Me interesso por essa proximidade das questões sindicais e anarquista dentro do palestra
ExcluirGratificante ler um artigo desses; me orgulha cada vez.mais de pertencer a uma "famiglia" cruzeirense, e sentir asco de um torcedor rival que nao se contenta em ser rival, mas sim,
ResponderExcluirinimigo. Uma pena ...( perdao pelo trocadilho infame).
Saudacoes dos EUA!!!
William Mariani
Já dizia um velho amigo italiano:
ExcluirA inveja é uma merda!
Texto esclarecedor e de precisão cirúrgica.... Parabens....
ResponderExcluirBelo texto!
ResponderExcluirIndivíduos que acreditam no que escreve o citado aprendiz de blogueiro deveriam focar suas "pesquisas" não nos fascistas, e sim nos xiitas. Abraço.
ResponderExcluirParabéns pelo esclarecedor texto!
ResponderExcluirMuito bem escrito e de clareza ímpar!
Fantástico texto!
ResponderExcluirFantástico texto!
ResponderExcluirExcelente texto, Dr. Anísio! Parabéns!
ResponderExcluiro que dizer ne!
ResponderExcluirchupa frangas!
parabens pelo texto!
Fantástica ponderação Anísio... Colocando os pingos nos i's...
ResponderExcluirNão odeie um invejoso. Ele é invejoso porque acha que você é melhor que ele.
ResponderExcluirParabéns pelo texto!
Interessante. Conhece algo mais sobre a presença de anarquistas, socialistas e sindicalistas no Palestra? Seria fantástico resgatar algo nesse sentido.
ResponderExcluirAnisio
ResponderExcluirEsclarecedor e muito bim ler isto.
Por acaso,
Tivemos quais troféus fundindos em armas??
Prezado senhor,
ResponderExcluirrecebi algumas fotos muito interessantes aparentemente de italianos em Belo Horizonte. A maioria sem identificação. As que possuem se referem ao consul Lorenzo Nicolai e Consul Grazioli. Há também fotos do que parece ser o lançamento da pedra fundamental do hospital Felico Roxo e da escola Marconi. Uma foto do Palestra Itália de 1937 (conforme informação na foto) e de uma banda de música Raffaele Gagliardi e de alunos diante da escadaria do "Grupo Escolar Benito Mussolini". Há, também, fotos diante do prédio onde hoje funciona a faculdade UNA na rua dos Aimorés - parece que lá funcionava o consulado da Itália. Gostaria de enviar essas fotos.
Olá, tudo bem? Queria saber se você ainda tem essas fotos! Gostaria muito de vê-las!!
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ResponderExcluirProve que havia simpatizantes do Fascismo no Galo e Coelho.
ResponderExcluirSeu texto foi todo pra dar desculpa das origens fascistas do Palestra que cantava até um hino em Homenagem a Mussolini.
Ora , uma hora vcs dizem que os Italianos sofreram preconceito dos outros Clubes de BH por causa da Guerra, outra hora diz que os outros clubes tbm tinha simpatizantes do Fascismo?
Se decidam.
Pra nós esta claro que vcs querem esconder esse passado apontando falsamente os outros clubes.
O Palestra jamais foi de classe pobre, eram italianos abastados,Há diversos registros provando isso, com jantares chiques, festas e etc.. e o Palestra de Minas recebeu apoio economico do Palestra de SP.
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