sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Análise das Finanças do Cruzeiro em 2013.

No dia 31/12/2014 encerro meu mandato como Conselheiro Fiscal do Cruzeiro Esporte Clube. Entregarei a Presidência ao meu sucessor logo após a reunião que analisará as contas do Clube, o que deve acontecer no final de abril do próximo ano.
Sempre tive como postura a aproximação dos Conselheiros, Sócios e Torcedores do Clube, tentando, na medida do possível, esclarecer os dados sobre a vida financeira do nosso querido Cruzeiro.
Para não perder o costume, publico abaixo a matéria do blog Olhar Crônico Esportivo que publica uma análise da situação financeira do Cruzeiro, segundo as análises super competentes dos profissionais do Banco Itaú BBA.
No blog há várias análises, de quase todos os times do Brasil, que não copiarei aqui. Somente postarei a de nosso Clube. Entendo que, para os apaixonados pelo assunto, vale a pena dar uma conferida em outros clubes.
O link do blog é: http://globoesporte.globo.com/blogs/especial-blog/olhar-cronico-esportivo/5.html


Reunião do Conselho Fiscal (2012-2014) do Cruzeiro com o Presidente Gilvan. Da esquerda para a direita: José Odilon de Pina (Suplente), Prof. Vicente Vieira da Silva (2º Vice-Presidente), Geraldo Luiz Brinatti (1º Vice-Presidente), Anísio Ciscotto Filho (Presidente), Dr. Tulio José da Mota (Suplente) e Carlos de Souza Carmo (Suplente).


Olhar Crônico Esportivo

por Emerson Gonçalves

Cruzeiro Esporte Clube – Análise dos Clubes Brasileiros de Futebol 2014

Esse post é a transcrição da parte correspondente a esse clube no estudo. Como os demais posts anteriores, esse também é parte da cobertura do estudo feito por um grupo de profissionais da área de Crédito do Banco Itaú BBA.
Nessa série de posts individuais, ao contrário dos anteriores, as observações deste OCE estarão grafadas em itálico, como vemos agora.
Antes de começar a ler esse post, recomendo a leitura da Introdução – aqui.
Boa leitura.

Os caçadores estão chegando

Se em 2012 vimos um clube investindo pouco, com geração de caixa negativa, precisando de Adiantamentos de TV e utilizando do atraso de Impostos para se financiar, em 2013 a situação não foi muito diferente, exceto por dois aspectos: i) o investimento em formação de elenco aumentou substancialmente; ii) isto acarretou na conquista do Campeonato Brasileiro da Série A.
Apesar do crescimento das Receitas em 57% em 2013, os Custos e Despesas também cresceram substancialmente (48%), de forma que a geração de caixa manteve-se negativa, agora em R$ 3 milhões. Ocorre que as Receitas cresceram amparadas num pequeno aumento das Cotas de TV, mas o mais significativo foi a Bilheteria, que em 2012 arrecadou R$ 11 milhões e saltou para R$ 64 milhões, em função da ótima campanha no Brasileiro e da reinauguração do Mineirão.
De fato os clubes Mineiros sofreram muito por jogar fora da Capital na ausência do Mineirão, mas este crescimento ocorreu por conta da boa campanha no Brasileiro, e quem garante sua sustentação em 2014? E apesar de ser um contumaz vendedor de atletas, esta é uma Receita que pode não ocorrer, de forma que o clube está sempre na linha d´água em termos de capacidade de gerar novas receitas.
Em contrapartida, os Custos cresceram impulsionados pelo Investimento de R$ 35 milhões na formação do elenco Campeão Brasileiro. Mas como sempre lembramos, Custos são de longo prazo e as Receitas precisam quase que em sua maioria ser capturadas anualmente.
E se em 2012 uma parte importante da sustentação foi o Adiantamento de Cotas da TV, em 2013 eles continuam presentes, de forma um pouco mais tímida, mas o clube utilizou de "adiantamentos operacionais" para bancar sua estratégia de aquisições. Então, R$ 15 milhões são valores parcelados de aquisição de direitos econômicos, outros R$ 7 milhões foi o natural aumento da necessidade de pagamento de tributos, ainda recebeu R$ 10 milhões referente à venda de atletas e isto tudo somado deu fôlego. Mas são movimentos pontuais, que tendem a não se sustentar no longo prazo, o que abre um buraco potencial importante que precisará ser preenchido com receitas extraordinárias, como novas vendas de atletas.
Além disso, o clube por dois anos seguidos obteve "financiamento" via impostos renegociados - foram R$ 22 milhões em 2012 e mais R$ 16 milhões em 2013 - e isto também contribuiu para ajuste do caixa. Na verdade, práticas antigas e comuns do mundo do Futebol.
O resultado foi o título Brasileiro, mas a que custo no longo prazo? Possivelmente o mesmo que lhe custou alguns anos de resultados ruins após a ótima fase de 2003.
PERSPECTIVAS 2014
O clube manteve sua base, seu treinador, fez mais alguns investimentos e possivelmente aposta na força da torcida e na obtenção de resultados esportivos para sustentar sua estratégia. Não dá para saber até quando isto funcionará, mas sempre há chance do castelo de cartas ruir a qualquer momento. Esportivamente tem chances elevadas de sucesso em 2014, como vemos até o momento no Campeonato Brasileiro.

Um comentário:

  1. Analise muito pessimista. Pensei que o Cruzeiro não tivesse adiantado as cotas da TV. O senhor concorda que este crescimento é um "castelo de cartas"? O único sentido que conheço para esta expressão é a de que não há base solida para suportar a estrutura criada....

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