sexta-feira, 25 de julho de 2014

Estamos perdendo o bonde das oportunidades.


        No dia 25 de julho de 2014 a presidente Dilma recebeu os dirigentes de Clubes para discutir a situação de penúria em que vive o nosso futebol. Os clubes procuram uma maneira de resolver a grave situação em que se encontra o nosso principal esporte. Foi combinado que seja montada uma comissão para discutir tal assunto.
        Não sou, absolutamente, contra uma ajuda do governo federal aos clubes de futebol. Muito antes pelo contrário. Se o governo isenta as fábricas de automóveis, móveis e eletrodomésticos de impostos é justo que os clubes sejam ajudados. Porém, uma coisa é ajuda, a outra é perdão. Acho justo que haja um programa de parcelamentos para os clubes, mas entendo que os clubes tenham que levar a sério tais compromissos.
        Da maneira como foi colocada, a princípio, a proposta de uma troca de dívidas fiscais por investimentos em esportes olímpicos. Ora, muitos dos clubes que ora suplicam por condições especiais, são os mesmos que fizeram projetos olímpicos maravilhosos e, no decorrer de alguns anos, deixaram nossos atletas olímpicos com uma nota promissória em suas carteiras. A primeira providência da nova diretoria do Flamengo foi extinguir vários departamentos de esportes olímpicos. O presidente do Atlético Mineiro, desdenhando as conquistas do vôlei Cruzeirense, sempre se gabou de ser mandatário de um time de futebol e não ter a menor intenção de montar outro departamento de qualquer outro esporte. Como então poderia dar certo tal programa?
        É cultura nacional ter pena e relevar os desmandos de torcedores que assumem a direção de clubes de futebol. É aceitável, para a maioria dos brasileiros, que dirigentes de clubes sejam candidatos a cargos eletivos, assim como radialistas, repórteres, atletas e outros militantes esportivos (a esmagadora maioria sem plataforma política ou sem saber o que deve fazer um legislador).
        Do jeito que a coisa anda, haverá um acordo para o parcelamento das dívidas e todos receberão as tão sonhadas certidões negativas de débitos fiscais. Deverá haver uma contrapartida de comportamento quanto a pagamentos do próprio parcelamento e também de salários e outras obrigações. Espero que isto aconteça.
As últimas demonstrações de desvelo econômico dos dirigentes de clubes contratando craques vindos da Europa, ganhando mais aqui do que ganhavam lá, nos mostram que o fair-play prometido pode se transformar em fumaça muito rapidamente.
        O Cruzeiro possui uma tradição muito antiga de honrar seus compromissos. Desde salários, passando por pagamentos a fornecedores e tributos o clube do Barro Preto sempre foi conhecido como um exemplo a ser seguido. As perseguidas certidões negativas sempre foram uma constante em nossos arquivos. O que a maioria dos clubes persegue, nós já temos há décadas. O que tal comportamento exemplar nos favoreceu? Em que fomos beneficiados por ter comportamento tão ilibado?
        Na minha opinião, a qual expresso há muitos anos aos administradores do Cruzeiro, perdemos uma enorme oportunidade de sairmos à frentes da concorrência em diversos aspectos. Financiamentos bancários, projetos de leis de incentivo, recursos a fundo perdido do Orçamento Geral da União, recursos de ministérios diversos, patrocínios de empresas estatais e muitas outras fontes de recursos.
        Agora, que todos terão as certidões, nos restará reclamar que as empresas procuram as equipes do eixo Rio-São Paulo, que a imprensa privilegia os outros grandes clubes ou mesmo que os contratos cariocas e bandeirantes são mais polpudos que os nossos.
Mais uma vez perdemos a oportunidade de usufruir das vantagens que, a tantas duras penas, construímos e preservamos.
Faltam, aos nossos administradores, pessoas que estejam a serviço do Clube e conheçam o mercado e suas diversas fontes de receitas.
Temos sim, muita gente que sabe como gastar, e como temos! Temos gente que se desespera vendo a porteira dos gastos aberta e tem que se virar para honrá-los. Já geramos um contencioso enorme de pontes de safena!
Eu sonho, e trabalho, para que o Cruzeiro se transforme no maior Clube de futebol do Brasil. Seja uma potência olímpica e um amparo social para a comunidade de minha cidade. Gostaria que fosse o sonho de outros que militam nas mesmas sendas.

4 comentários:

  1. Anísio, por que a Caixa nao acertou com o Cruzeiro? As negociaçoes estavam bem encaminhadas até meio do ano passado e nao fecharam. Perrela deixou um presente de Grego esse contrato longo e defasado com o BMG.

    ResponderExcluir
  2. Existe algo a se fazer para que o cruzeiro não sai sem nenhum prejuízo, uma vez que sempre foi exemplar e não ganhou nada enquanto os "não exemplares" ganharão diversas medidas que facilitarão suas vidas em relação às dividas?

    ResponderExcluir
  3. Caro Anísio,
    A presidente vai propor a aprovação do Proforte e consequentemente o perdão das dívidas, mas os clubes vão mudar as regras de eleição na CBF?

    ResponderExcluir