Há algum tempo atrás, na Paróquia de São Bento, militava
o Padre João Emílio como pároco daquela comunidade. Por ter morado por alguns
anos no bairro, eu e minha família frequentávamos tal igreja. Aliás, um dos
grandes orgulhos que tenho, foi ter sido colega de banco de igreja do saudoso
Presidente Felício Brandi, que também morava no bairro, nas manhãs de domingo!
Padre João
encantava a maioria dos paroquianos pela sua disponibilidade e dedicação.
Bastava dizer que alguém necessitava de uma unção dos enfermos ou encomendar
algum parente que havia falecido e o Padre João largava o que estava fazendo e
ia lá. Também sempre foi um sacerdote que incentivou muito os movimentos de
pastorais da paróquia e principalmente os jovens. Aliás, entre eles há uma
piada sobre o Padre João que é a seguinte: o que é um pontinho amarelo sobre o
altar? Resposta É o Padre João É milho!
Cruzeirense
fervoroso e fã de futebol, Padre João sempre usou do esporte para animar as
missas e prender a atenção dos paroquianos. Neste ponto, sabedor da minha
paixão pelo esporte e do fato de ser Conselheiro Cruzeirense, sempre me usou
como seu assessor para assuntos futebolísticos. Em algumas poucas ocasiões, enquanto
ele celebrava as missas no final da tarde e coincidia com jogos do Cruzeiro, eu
ia à missa com o radinho no bolso e o fone de ouvido na orelha, para desespero
de minha esposa. Porém, eu ficava assentado em um local pré-determinado e à
medida que os gols iam saindo, fazia sinais para o Padre João anunciando o
placar. Quando o jogo acabava, ele sabedor do resultado, em sua homilia
elogiava o desempenho do time e anunciava o resultado final, para espanto de
seus paroquianos. Também tinha o costume de separar a assistência por
preferência clubística. Dizia para os Cruzeirenses lerem, nas preces da
comunidade, os itens ímpares, os atleticanos os pares e os americanos os que
quisessem.
Em
determinada ocasião estava participando do Encontro de Casais com Cristo e
havia jogo do Cruzeiro naquele domingo. Era um jogo contra o Vitória da Bahia.
Estava eu trabalhando no encontro e com o famoso radinho no bolso e fone no
ouvido. Uma das “beatas” mais atuante, a Sônia do Manoel, veio me censurar pois
estava ouvindo rádio naquele local onde tal prática não era normal. Menti para
ela, dizendo que estava escutando a Rádio América (rádio da Arquidiocese de
Belo Horizonte). Ela me passou um sabão e coincidiu de o Padre João aparecer
naquele momento. Prontamente a Sônia me “entregou” para o Padre revelando que
eu estava escutando rádio em pleno ECC! Padre João me pediu explicações e eu
repeti a desculpa, dizendo que ouvia os sermões do saudoso Dom João de Resende Costa.
Padre João então, com sua inteligência e bom humor, me perguntou prontamente: E
Dom João já falou quanto está o placar do jogo do Cruzeiro? Respondi sorrindo
que estava 3 X 1 para nós...
Na final
da Copa do Brasil de 2003, no dia do jogo no Maracanã, no mesmo horário da
partida houve uma missa muito importante. Fui preparado e me assentei no lugar
combinado. Quando o Alex fez o gol de letra, Alberto Rodrigues gritou tanto,
mas tanto, que apesar do fone de ouvido, o grito foi percebido por todos. Padre
João, na sua simplicidade e maestria fez o seguinte comentário: Deve ter sido
um golaço...
Talvez
seja este o motivo de nosso Time ser tão vitorioso. Enquanto os rivais pintam o
manto da Santa, nós rezamos muito pelo Cruzeiro. Aliás, já é uma tradição
começar o ano com uma missa nas dependências do Clube comemorando o aniversário
do maior de Minas. Torço para que a Rita, chefe do setor de Relações Públicas
do Cruzeiro, um dia convide o Padre João para celebrar a nossa missa de aniversário.
Fiquei
sabendo que o Padre João deixou de ser pároco da igreja de São Bento. Mas com
certeza continuará a celebrar lá suas missas e continuará a torcer pelo nosso querido Cruzeiro.
A paróquia de São Bento é
muito privilegiada por ter sido comandada por tantos anos por um santo homem
como o Padre João. Que Deus o ilumine e lhe dê saúde e longa vida para
continuar propagando a palavra de Deus!
Amém!
Anísio, tenho um amigo que é Padre, e é um cruzeirense ilustre, pena que ele mudou-se para São Paulo. Na missa deste ano não pude ir, mas ano que vem irei se Deus quiser.
ResponderExcluiremocionante!
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