sábado, 8 de dezembro de 2012

Receitas de Clubes brasileiros têm crescimento chinês!


Reproduzo aqui matéria do jornalista Felipe Coutinho, da Folha de São Paulo, postada no dia 08/12/2012. Como gosto muito do assunto e recebo sempre questionamentos, tenho o costume de selecionar artigos interessantes que possam elucidar dúvidas dos amigos.
Os links das matérias são:
http://www1.folha.uol.com.br/esporte/1198104-receita-mostra-que-clubes-brasileiros-crescem-em-ritmo-chines.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/esporte/1198106-divida-dos-clubes-brasileiros-com-o-governo-passa-de-r-612-milhoes.shtml
Boa leitura!


Receita mostra que clubes brasileiros crescem em ritmo chinês
FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA

O futebol brasileiro se tornou uma indústria bilionária que cresce em ritmo chinês. Dados inéditos da Receita Federal mostram que os 20 times da série A de 2012 faturaram, entre 2006 e 2010, mais de R$ 7 bilhões, em valores atualizados.

O pico de faturamento é também o ano mais recente, o que mostra o aquecimento nas contas dos clubes.
Juntos, os 20 times ganharam em 2010, último ano disponível dos dado, quase R$ 1,7 bilhão, média de R$ 84 milhão por clube.

Zanone Fraissat - 21.set.2011/Folhapress
Torcedores acompanham clássico no estádio do Morumbi
Torcedores acompanham clássico no estádio do Morumbi

 
Em 2006, por exemplo, cada uma das 20 equipes que jogaram a série A de 2012 colocou em caixa, na média, R$ 53 milhões, crescimento real de 63% em cinco anos, ritmo digno de economia chinesa.
Se a elite do futebol fosse uma empresa, a Série A estaria entre as 30 maiores empresas de varejo do país.
O ranking é produzido pelo Instituto Brasileiro dos Executivos do Varejo.
Esse cenário da elite de futebol, de forte crescimento e alto faturamento, só não é perfeito em razão de uma pedra no sapato dos cartolas brasileiros: o alto endividamento (veja texto abaixo).
Os números sobre o faturamento da elite do futebol são oficiais, levantados pela Receita a partir das declarações enviadas pelos 20 times. Como em toda declaração, os dados podem mudar, ou porque o contribuinte fez alterações, ou porque os auditores apuraram inconsistências.
OTIMISMO
As projeções para os próximos anos são otimistas. Cartolas, empresários e governo esperam um boom de arrecadação com a Copa do Mundo de 2014.
Novas receitas são esperadas com as 12 arenas do Mundial, além dos novos estádios do Palmeiras e do Grêmio.
Esses 14 estádios usarão o novo conceito de arena multiuso para tentar fazer mais dinheiro sem depender do desempenho nos gramados.
Um exemplo é o estádio Morumbi, que o São Paulo aluga por até R$ 1 milhão para a realização de shows.
Soma-se a isso o repasse estimado em R$ 1 bilhão em 2012 somente pelos direitos televisivos.
Editoria de Arte/Folhapress
PAULISTAS
Dos 20 times da Série A 2012, 12 se concentram na região Sudeste, ou 40%. Mas, de acordo com os dados da Receita, a concentração de dinheiro nessa região é ainda maior. Dos R$ 1,7 bilhão faturados em 2010, 75% ficaram com clubes do Sudeste.
Pelos números da Receita, pode-se dizer que a indústria do futebol brasileiro é predominantemente paulista.
Se o Sudeste faturou R$ 5,2 bilhões em cinco anos, só os paulistas ficaram com R$ 3,5 bilhões (67%) dessa fortuna.
Ou seja, metade da arrecadação da Série A.
Não há dados discriminados por times, o que configuraria quebra de sigilo.
No período levantado, de 2006 a 2010, todos os títulos foram conquistados por times do eixo Rio-São Paulo.

Dívida dos clubes brasileiros com o governo passa de R$ 612 milhões
FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA

Se a elite do futebol já é uma indústria bilionária, é também um setor altamente endividado. Segundo dados da Receita Federal, a dívida acumulada dos times com o governo até 2010 era de mais de R$ 612 milhões, incluindo juros e multas.

O valor computa as dívidas fazendárias (impostos) e previdenciária (INSS), e se refere ao que o governo efetivamente cobra e tenta recuperar dos clubes --não inclui a dívida previdenciária que foi suspensa para pagamentos parcelados, em função de acordos.

Wagner Damásio/Divulgação/Sport
Entre os maiores clubes, o Sport tem uma das menores dívidas
Entre os maiores clubes, o Sport tem uma das menores dívidas
 
Se os 20 times fossem pagar a dívida do governo em um ano, eles praticamente quebrariam. De cada R$ 100 arrecadados, por exemplo, em média pelo menos R$ 40 ficariam com o governo.
Os números da Receita apontam os times paulistas como os mais endividados. Os seis clubes devem R$ 462 milhões-- 75,5% do total. A menor dívida é dos nordestinos (Náutico, Sport e Bahia) e no Atlético-GO. O governo cobra R$ 7,17 milhões.
Neste ano, a bancada da bola no Congresso cogitou aproveitar Medida Provisória para embutir espécie de "perdão" para essa dívida, em troca de bolsas para atletas olímpicos. A ideia era inspirada em benefício similar dado a universidades endividadas, mas esse plano ficou para 2013.
Deputados e dirigentes avaliam que o projeto deve antes passar pelo crivo da área econômica do governo.

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