LANCEPRESS! - 01/04/2014 - 09:31
Rio de Janeiro (RJ)
Salto nas receitas com verba pública e de patrocínio do Banco
do Brasil, aumento em despesas pouco explicadas e queda no repasse às
federações estaduais. Estas são algumas conclusões que podem ser tiradas
após a análise feita pelo
LANCE!Net dos balanços patrimoniais da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) entre 2011 e 2013.
A
entidade divulgou o balanço referente ao ano passado há duas semanas,
em meio às denúncias da ESPN Brasil do pagamento de comissão às empresas
S4G (de Fábio Azevedo) e SMP (de Marcos Pina) pela renovação do
patrocínio com o Banco do Brasil em 2012 que poderiam chegar à casa dos
R$ 20 milhões. Os números mostram que a CBV engordou seu caixa com verba
pública, mas gasta boa parte do dinheiro em sua estrutura interna e
repassa apenas uma pequena parte às federações regionais.
Em 2012
aconteceu o primeiro salto nas receitas, com a renovação do patrocínio
com o Banco do Brasil, um banco estatal. Segundo os balanços da CBV, o
banco deu à confederação R$ 3.582.579,00 em 2011 e aumentou para R$
24.000.000,00 no ano seguinte. No ano passado, R$ 25.751.856,00 foram
repassados à entidade.
No ano passado, foi a vez de órgãos
governamentais depositarem cheques polpudos nas contas da CBV. Por meio
da Lei Agnelo-Piva e de convênios com as esferas federal, estadual e
municipal, a confederação recebeu R$ 31.851.484,00 em 2013, quase o
dobro do que em 2012 (R$ 16.651.538,00).
O crescimento nas
receitas da confederação presidida atualmente por Walter Laranjeiras, o
Toroca, não se refletiu no repasse às federações estaduais. Pelo
contrário.
O repasse aumentou cerca de R$ 200 mil entre 2012 e
2013 (veja no gráfico ao lado), mas ainda assim a fatia do ano passado
às federações diminuiu em relação a 2011.
Há três anos, quando a
CBV teve uma receita de R$ 76.574.700,00, as 27 federações estaduais
receberam R$ 4.041.135,00. Em 2013, a receita aumentou para R$
128.779.727,00, mas a distribuição para as federações caiu para R$
3.485.582,00 (média de R$ 129.095,00 para cada uma das 27 entidades
estaduais).
Em 2013, a CBV gastou mais com a área de marketing do que com as federações.
TRANSPARÊNCIA
O
LANCE!Net analisou os balanços da CBV com o auxílio de especialistas em
contabilidade. E uma das características apontadas é que a peça
patrimonial de 2013 é menos transparente que a de 2012. Veja abaixo
alguns gastos da confederação.
Pessal de apoio
A
entidade aumentou a despesa de R$ 18.984.128,00 (2012) para R$
29.857.059,00 (2013) e não detalhou esta diferença nas notas
explicativas.
Marketing e produçãoOutro gasto
que subiu: de R$ 6.199.754,00 paraR$ 7.199.240,00, sem detalhamento. No
balanço de 2012, o texto continha uma nota explicativa, dizendo que o
valor foi substancialmente para a contratação de serviços que incluiam
assessoria na negociação de patrocínio.
Mais gastosOutros
custos significativos de 2013 que subiram e não tiveram notas
explicativas foram com montagem de quadra, comunicação, equipamentos
esportivos, entre outros.
CBV aguarda término de auditoria
Procurada
pelo LANCE!Net, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) informou por
meio de sua assessoria de imprensa que irá aguardar a auditoria que está
sendo feita para fazer qualquer comentário sobre o balanço patrimonial.
“O
balanço é uma peça contábil, que reflete decisões gerenciais e
financeiras. A CBV só comentará sobre esses temas após a auditoria que
está sendo realizada pela Pricewaterhouse Coopers. Os primeiros
resultados serão divulgados em cinco semanas”, respondeu a CBV à
reportagem, no dia 27 de março.
O L! enviou à assessoria da CBV
uma série de questões e pedido de esclarecimentos, como o aumento nos
gastos em várias áreas. A confederação não explicou tais pontos.
“Os
dois balanços foram submetidos ao Conselho Fiscal da CBV e,
posteriormente, aprovados em Assembleia Geral Ordinária. A CBV informa
que ambos os balanços não possuem incorreções contábeis, e isso inclui
os questionamentos feitos pelo LANCE!”, informou a confederação, por
meio de nota.
Balanço de 2012 menciona S4G e assessoria
A
S4G, empresa de Fábio Azevedo envolvida nos supostos pagamentos
irregulares de comissão pela renovação de patrocínio do Banco do Brasil
com a CBV, é mencionada no balanço patrimonial da entidade do ano de
2012.
O texto explica que a S4G foi contratada em dezembro de
2010 para prestar serviços de planejamento, produção e comercialização
de eventos. O balanço também traz a informação que em setembro de 2012 a
S4G passou a fazer parte da CBV, já que a confederação contratou para o
cargo de superintendente executivo um dos sócios da empresa, que era
Azevedo.
O balanço de 2012 também explicita que a CBV gastou
parte de sua verba com "assessoria na negociação dos contratos de
patrocínio", exatamente o pivô da polêmica das denúncias realizadas pela
ESPN Brasil. Este custo estava dentro do item marketing e produção, que
foi de R$ 6.199.754,00 naquele ano.